João Pessoa, 04 de fevereiro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Não há fórmula mágica para a redação de bons textos. De forma geral, quem muito lê também consegue organizar os pensamentos no papel. Ainda, a vida do escritor pode ser facilitada se houver domínio dos gêneros e das técnicas textuais. Com esse propósito, muitos estudiosos da linguagem elaboraram manuais de escrita – cujo valor é discutível. É possível enquadrar uma arte tão subjetiva quanto a literária em rígidas regras? O que seria da Literatura se as normas da linguagem não fossem transgredidas?
Tratando o ofício do escritor com muita seriedade e acreditando veementemente no poder da reescrita, William Zinsser (foto) publicou o manual Como Escrever Bem. É considerado um clássico americano de escrita jornalística e de não ficção, mas só foi editado no Brasil recentemente, pela Editora Fósforo. Alguns segmentos do livro são preciosos, especialmente os que debatem como realizar entrevistas, memórias de família e relatos de viagem, já que oferecem algumas diretrizes quanto aos gêneros textuais e indicam uma bibliografia interessante (embora parte dela não tenha sido publicada em terras tupiniquins). Outros capítulos, todavia, não funcionam em português. O autor tenta dar dicas de como escrever um texto limpo e coeso, mas suas dicas se perdem na tradução, devendo funcionar melhor em seu idioma vernáculo.
Entre tantas dicas sobre o fazer literário, prioriza-se mais o verbo do que a alma. Nesse sentido, fico com a fantástica escritora Socorro Acioli, que em coluna recente publicada no Diário do Nordeste, lembra que a matéria-prima da literatura é a vida. E aos escritores, Acioli aconselha: “você precisa viver mais e escrever sobre o que viu, mas sobretudo sobre o que não está visível. Sem medo.”
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OPINIÃO - 22/11/2024