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Magistrado, colaborador do Diário de Pernambuco, leitor semiótico, vivendo num mundo de discos, livros e livre pensar. E-mail: [email protected]

Ela merece uma estátua

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publicado em 10/02/2022 ás 06h37

O carnaval se avizinha e não tem como não lembrar dela. Embora fosse cativante, a gargalhada não era o que ela tinha de melhor. Era sim, a representação sonora de infinda bondade e amor ao próximo. Quem a definiu com excelência foi a inteligência privilegiada de seu irmão, o médico Ciro Leite Mendes, vejam só:

“…eu fiquei procurando encontrar uma característica, uma palavra, um aspecto que resumisse minha irmã, ingênua e inutilmente tentando reter na memória o melhor dela. Diligência não só inútil, quanto completamente impossível. Mesmo para quem só a conhecia superficialmente, não há como condensá-la em uma gargalhada protuberante, ou em musa carnavalesca, ou numa celebridade sazonal. Via-se, mesmo no limite raso das reportagens de TV, que algo de bem maior havia ali. E não era só o peso, cínicos de plantão. Minha irmã transcendia qualquer síntese, porque a exuberância era sua essência.

E bota exuberância nisso: no amor integral e dedicado à família, na lealdade ostensiva aos amigos, na integridade moral, na lhaneza com que expunha suas posições, na paixão com que abraçava suas convicções, no esforço por se mostrar útil a todos, na capacidade de trabalho, na sua autonomia intransigente, no gosto pelas coisas simples e boas que a vida nos oferece e na alegria que podemos colher e distribuir sem precisar de muitos recursos.

Era um ser humano difícil de ser encontrado, porque o que é verdadeiramente bom é escasso. E talvez por isso, por causa da sua bondade exagerada, da sua alegria superdimensionada, da sua humanidade exorbitante, ela gastou rápido. Como uma supernova cuja energia imensa não dura muito, ela se foi e deixou como legado o brilho intenso da sua existência em nossas fatigadas retinas…”. Por tudo isso, eu faço coro e corroboro a pretensão de seus inúmeros amigos: Maria do Socorro Mendes, (foto) a inesquecível  Corrinha, merece uma estátua no centro de nossa Capital.

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