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MaisPB Entrevista: Martinho da Vila lança novo disco com família e amigos

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publicado em 19/03/2022 ás 15h15
atualizado em 19/03/2022 ás 17h48

Entrevista: Kubitschek Pinheiro – MaisPB

Fotos: Albert Andrade

Com uma vasta discografia, um nome consagrado na história da Música Popular Brasileira, mais de 50 títulos, trajetória construída a partir do final dos anos 1960, Martinho da Vila segue com sua arte e criação. Com 84 anos, ele acaba de lançar um álbum que é a síntese de sua vida: “Mistura homogênea”, que tem a participação dos filhos e netos do cantor e compositor.

Trata-se de um trabalho que reúne diversos convidados, das mais diferentes batucadas, e que cruza ritmos, muitas referências, amplo de temáticas, crenças e perspectivas. São 13 faixas – que vão do xote ao rap e esbarra no miolo do samba. E temos como convidados Teresa Cristina, Zeca Pagodinho, Xande de Pilares, Hamilton de Holanda e Djonga, entre outros.

Os filhos e netos cantam separadamente em algumas músicas e todos juntos em “Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho”, samba-enredo que a Vila Isabel leva para a avenida no carnaval deste ano (remarcado para abril), em homenagem ao compositor. Muitas águas ainda vão rolar na Vila de Martinho

Ele já tinha gravado quatro músicas; uma delas, cantando com Teresa Cristina, a faixa que abre o disco ‘Unidos e misturados’, título sugerido pelo seu parceiro Zé Catimba. “Esse nome me levou a pensar em mistura”, diz o artista, evocando memórias do início de sua vida de artista, para explicar o conceito que orienta seu novo álbum – “Quando fiz o curso de auxiliar de química industrial no Senai, para me profissionalizar, tinha essa coisa da mistura homogênea, aquela que não se separa”.

Ainda sobre os convidados, ele destaca: “Quando delineei o que seria o disco e escolhi o repertório, mandei para o Celso Filho, um amigo que trabalha comigo, que cuida dos meus shows, e para meu filho Martinho Antônio, para eles assumirem a produção. Foram eles que deram a ideia dos convidados”, disse Martinho ao MaisPB.

Em entrevista exclusiva ao MaisPB (apenas nós conversamos com ele no Nordeste), Martinho da Vila fala do disco, da família, da canção que ele fez “Vidas Negras Importam” e por que fez e, claro, do nosso país, que está deixando a pandemia para trás.

Assista ao lyric vídeo de “VOCABULÁRIO DE UM PARTIDEIRO”

MaisPB – O disco novo tem esse nome “Mistura Homogênea” e nos remete ao tempo em que você estudou química além de mostrar que a música não tem fronteiras, não é?

Martinho da Vila – É isso mesmo, é uma mistura geral. Eu fiz um curso no Senai na adolescência (auxiliar de químico industrial) e fiquei pensando em mistura na hora de batizar o álbum, e mistura homogênea você não separa. Nesse disco eu juntei ritmos, poesia, sons, e se tornou uma coisa só.

MaisPB – Nesse disco temos participações bacanas que vão de Zeca Pagodinho ao rabino Nilton Bonder, de Djonga a Hamilton de Hollanda, além de filhos e seus netos. Conte aí pra gente como foi reunir tantas pessoas num disco só?

Martinho da Vila – Sempre gosto de ter os meus mais próximos, juntos comigo. Eles sempre participam de uma forma ou de outra. Então foi natural ter a família junto neste trabalho. Já as participações foram pensadas e sugeridas a dedo, foi ótimo que todas casaram muito bem.

MaisPB – A canção “Unidos e Misturados” já diz da sua personalidade, da pessoa plural que é Martinho e sua gente, seus amores, sem distinção de cores nem religiões, não é?

Martinho da Vila – É isso mesmo. Não há distinções e restrições.

MaisPB – É linda a canção “Sim Senhora”, que você musicou a partir de um poema de Geraldo Carneiro. Como aconteceu esse casamento de poesia com melodia?

Martinho da Vila – A música nos permite unir as artes e eu sou um admirador de Geraldo Carneiro, o que me levou a “Sim Senhora”. Achei que o resultado fez jus ao poema.

MaisPB – As faixas “Vdas Negras Importam” e “Era de Aquarius”, ambas lançadas como singles em 2021, são canções sem datas, sempre atuais, não é?

Martinho da Vila –“Vidas Negras Importam” surgiu por conta dos acontecimentos com o americano George Floyd. E “Era de Aquarius” é uma canção positiva. Pode-se dizer que são canções sem datas.

MaisPB – Bela parceria de Martinho com João Bosco, já gravada anteriormente por ambos, “Odilê Odilá” serve de alegria num cenário do encontro de Martinho com seus netos Raoni Ventapane e Dandara Ventapane. Vamos falar dessa junção?

Martinho da Vila – É muito bom ter a família perto. Eu valorizo muito. Realmente me enche de alegria ter todos próximos, ao meu lado, participando de alguma forma.

MaisPB – O Brasil vai melhorar, Martinho da Vila?

Martinho da Vila – Eu sou um otimista por natureza, então eu torço e acredito que vai melhorar!