João Pessoa, 14 de junho de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Foi meu pai quem me apresentou a obra de Graciliano Ramos, (1892-1953) o mais importante ficcionista do Modernismo Brasileiro. Meu pai já tinha lido Vidas Secas, na década de 1960.
Quando meu filho nasceu (2001), escrevi um texto e dei o nome de Vidas Cheias. Era uma forma de me sentir mais feliz, com o aparecimento daquela pessoa.
Assisti um podcast focado na obra de Graciliano Ramos e apareceu lá um comentário de quando ele foi prefeito em Palmeira dos Índios, (1927) Alagoas. O escritor nasceu no município alagoano de Quebrângulo.
Uma mulher que vendia bananas na cidade teve toda sua mercadoria pisoteada por um homem arrogante. Era domingo. A mulher se dirigiu à casa do prefeito e lhe contou a humilhação e o prejuízo.
O autor de Memórias do Cárcere, mandou chamar a polícia, que trouxe o sujeito até a casa de Graciliano, que exigiu o ressarcimento. O cara tirou o dinheiro do bolso e disse: “isso aqui que eu tô dando é uma esmola”.
Graciliano, de personalidade muita ácida, respondeu: “Tudo bem, então. A esmola o senhor dá, agora o prejuízo vai ter que pagar”. E o fez pagar duas vezes. Bravo, Graciliano!
Isso foi há muitos anos, mas acontece todos os dias, só não temos mais um Graciliano prefeito. O que precisamos para ser felizes?
Vestido vermelho
Vi a imagem de uma finalista de uma escola de Arte de Kharkiv, na Ucrânia, em frente do que restou da mesma, no dia em que teria lugar o baile de finalistas com o vestido que então usaria. O vestido vermelho, sangue, misturado aos escombros.
De quanto precisamos para ser tranquilamente felizes? E existe isso?
Basta! Desconfio que a palavra bastante, do modo como vem sendo usada, é mentirosa. Ela diz exatamente o contrário daquilo que parece dizer.
Dizer que alguma coisa é “bastante boa” é um eufemismo para não dizer que ela é ruim. O mesmo com “bastante inteligente”, “gostei bastante” e, principalmente, para a pior de todas as apreciações de alguma coisa: “bastante interessante”. que a vida sempre me proteja de ser “bastante interessante”.
Afinal, bastante é só o que basta e só o que basta não é bastante. Te dana!
Kapetadas
1 – Não tente agradar a todos você não é uma festa junina.
2 – Começou com a variante gama; aí veio a ômicron; agora, a varíola dos macacos. Os zumbis chegam quando?
3 – Som caixa: “Não fala com pobre/Não dá mão a preto/Não carrega embrulho/Pra que tanta pose, doutor?”, de Billy Blanco
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OPINIÃO - 22/11/2024