João Pessoa, 27 de agosto de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
ENTREVISTA

Ricardo Bacelar fala de clássicos em ‘Congênito’ e parcerias com nomes da MPB

Comentários: 0
publicado em 27/08/2022 às 12h09
atualizado em 28/08/2022 às 06h06

Kubitschek Pinheiro MaisPB

Fotos – Léo Costa

O novo álbum de Ricardo Bacelar, “Congênito”, quinto da carreira solo do músico, compositor, arranjador e produtor, já está disponível em todos os players e físico. A canção “Congênito” de Luiz Melodia, foi lançada em 1976, no disco “Maravilhas Contemporâneas”.

Ricardo Bacelar mostra essa faceta pela primeira vez, ao gravar um disco completo, sozinho, como intérprete. Dentre os compositores escolhidos, 7 são do Nordeste, incluindo Belchior e ele próprio, que são cearenses.

O selo é do  Jasmin Music, que nasceu do estúdio, no qual, além de Congênito, foram gravados o’álbum de Ricardo Bacelar e Cainã Cavalcante (“Paracosmo”), e o’single “Depassagem”, com a participação de Toninho Horta.

Abre o disco com Lenine e Lula Queiroga (“O último pôr do sol”); Caetano Veloso (“A tua presença morena”); Gilberto Gil (“Estrela”); Belchior (“Paralelas”); Djavan (“Lambada de serpente” e Chico César, parceiro de Ivan Lins e Victor Martins em “Soberana Rosa”, ou “She walks this earth”, na versão para o inglês gravada em Congênito.

Fecha o time dos cancioneiros com Chico Buarque (“Morena dos olhos d’água”), Adriana Calcanhotto (“Mentiras”), Jorge Mautner e Nelson Jacobina (“Maracatu Atômico”); Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro (“Estrela da terra”; a música título de Luiz Melodia e o clássico samba-canção “É preciso perdoar” (Carlos Coqueijo/Alcyvando Luz), completam a seleção.

Além de ser lançado no Brasil, no streaming e em CD, “Congênito” também está sendo trabalhado no mercado externo, especialmente nos Estados Unidos e no Japão, onde Bacelar tem muito destaque.

Depois de temporada morando e trabalhando no Rio de Janeiro, o artista volta a Fortaleza, cidade mãe. “Sim, morei doze anos no Rio. Aqui tenho minha terra e muitos amigos”.

Ele tem amigos que investem em educação aqui na Paraíba, os professores Antônio Colaço Martins e Graça Holanda Colaço, donos da Unifametro (em Fortaleza) e Uniesp, em João Pessoa. “Ele tinha um irmão que era padre, Padre Dourado, que celebrou meu casamento com Manuela. Colaço foi reitor da Unifor, que é da família de Manuela, minha esposa”.

Ricardo Bacelar é um artista brasileiro.

Em conversa com o MaisPB, Bacelar fala sobre o novo disco “Congênito”, além de ressaltar a importante marca atingida por ele no mercado norte-americano.

MaisPB – Como pensou “Congênito”, colocando sua voz em canções da MPB?

Ricardo Bacelar Eu montei um estúdio dentro de casa e nesse processo nasceu o disco, que eu gravei sozinho. Eu estava testando o estúdio e precisava de um baterista aqui, resolvi tocar tudo, aí nasceu “Congênito”.

MaisPB – Deu ao disco o nome da canção de Luiz Melodia?

Ricardo Bacelar – Sim, a palavra Congênito diz respeito a uma coisa que inata a gente, nasce com alguém e eu sempre tive esse lado muito instrumentista, que eu nunca mostrei, sou pianista, que meu instrumento musical.

MaisPB – Não há quem diga que você fez sozinho esse disco..

Ricardo Bacelar – Tem outra característica do disco, é que ele foi todo feito à mão, mas foi muito trabalhoso

MaisPB -Você já tinha gravado um single com Belchior, né?

Ricardo Bacelar – Sim, foi gravado no disco dele Vício Elegante de 1996, foi a última música que ele fez. Meu projeto de agora é parecido com o dele, que canta outras pessoas. Eu achei bom fazer um disco, desta vez de intérprete, com um conceito diferente, ao cantar as canções de outras pessoas.

MaisPB – Abre o disco com Lenine e Lula Queiroga, “O Último Pôr do Sol”?

Ricardo Bacelar – É tão linda essa canção, eu gosto muito do pôr sol desenhado na canção.

MaisPB A faixa seguinte é “She Walks This Earth” de Ivan Lins, Vitor Martins, Chico César e Brenda Russell. Vamos falar dessa canção?

Ricardo Bacelar – Essa música em português é do Ivan Lins e do Victor Martins A versão é da Brenda Russell e Chico César. Gosto muito e gravei em inglês também porque tem o mercado americano. Meu disco “Sebastiana” tocou muito nos EUA, ficou entre 50 mais tocados.

MaisPB  A sua versão de “Morena dos Olhos D’água”, ficou dançante, que foi gravada anteriormente por Chico Buarque e Gal Costa?

Ricardo BacelarÉ verdade, essa música é marcante, é muito bonita, eu adorei gravar.

MaisPB – A canção “A Tua Presença”, a quinta faixa, traz um novo arranjo?

Ricardo Bacelar – É uma percussão de rua, dobrada várias vezes. Às vezes a música pede um tamborim. Essa foi gravada também por Fernanda Abreu, que é muito bonita e é mais puxada para o eletrônico.

MaisPB – E “Paralelas”, essa canção linda foi gravada por Vanusa, Elba Ramalho, Ana Cañas e o próprio Belchior?

Ricardo Bacelar Muito linda. Ele gravou no meu primeiro disco solo, “Inatura”, piano solo. Belchior era um grande artista.

MaisPB  Esse disco “Congênito” tem uma levada pop?

Ricardo Bacelar – Tem sim. Você sabe como é difícil no Brasil a gente se impor e fazer uma música de qualidade.

MaisPB – “Mentiras”, de Adriana Calcanhotto – Vamos falar dessa faixa?

Ricardo Bacelar – Eu gosto dessa canção, ela fala tudo no passado e tem outro momento que ela diz: “já arranhei seus discos”, A letra tem essa coisa de anunciar que vai fazer e depois já fez. Adriana esteve aqui na minha casa, tem uns três meses. Eu estava produzindo a faixa e mostrei a ela que ficou muito feliz porque a música dela estava sendo apresentada no piano.

MaisPB – Vamos falar do clássico “É Preciso Perdoar”, a oitava faixa?

Ricardo Bacelar É um samba canção dos anos 50, 60. Tem a versão do Tom, Jobim que é lindíssima: “madrugada já morreu, você vai me abandonar”, cantarola ele pelo telefone. Eu troquei todos os acordes, aí ficou diferente, mas a melodia é igual.

MaisPB – Vamos ouvir “Lambada de Serpente”, que você gravou e traz de volta essa canção de Djavan, e ficou muito parecida com a versão dele?

Ricardo Bacelar – É linda, tem uma coisa do Nordeste. Lambada traz a linguagem coloquial do nordestino, que trabalha na terra, é uma canção forte.

MaisPB – Você já gravou com muitos artistas?

Ricardo Bacelar – Gravei com Luiz Melodia, Erasmo Carlos, Lulu Santos, Adriana Calcanhotto e Amelinha. Compus para trilhas sonoras, estou no filme “Navalha na Carne” de Almeida, Neville D’ . Participei de uma minissérie, “O Portador”, com Lauro Corona.

MaisPB – Você fecha o disco com Maracatu Atômico, de Jorge  e Jacobina?

Ricardo Bacelar – Temos o clipe dessa que eu gravei vestido com um gibão de Espedito Seleiro, vesti a roupa de vaqueiro, botei a guitarra e o maracatu daqui do Ceará. Eu gostei demais de gravar essa canção, que fecha o disco com uma coisa alegre, uma festa. Maracatu é uma tese, você traz um elemento da cultura brasileira. No videoclipe eu coloco o vaqueiro se encontrando com o maracatu atômico.

MaisPB – Alguma novidade para 2023?

Ricardo Bacelar – Estou fazendo um disco novo com Délia Fischer, que é um grande talento. Nós gravamos juntos, “Nada Será Como Antes”, ao vivo no Rio e já está pronto “Paracosmo” com Cainã Cavalcante.

MaisPB – Vamos fechar com Belchior. Vocês eram amigos?

Ricardo Bacelar – Sim, há muito tempo. Muito inteligente, de luz, estudou muito. Era especialista em Dante. Ele leu filosofia com profundidade, tinha muito preparo. Quando eu conheci o Belchior, eu tinha 17 anos. Tem uma versão linda na Internet da gente tocando Paralelas. Toquei essa canção com ele, piano e voz. A minha interpretação vem muito dele.

Assista aqui o clipe Maracatu Atômico

https://youtu.be/efF56LCWZFw

MaisPB