João Pessoa, 06 de fevereiro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Outro dia, conversando com um amigo, ele me falava de um poema que tinha escrito quando estava enfrentando um período de luto pela morte prematura de alguém muito querido. Eu, então, falei para ele da percepção que tenho de que tudo que nasce de nós em meio a dor é mais bonito. Nascem os melhores textos, as músicas mais belas, os discursos mais tocantes e sinceros. Perguntei se ele tinha alguma teoria que explicasse isso. A resposta foi: “O acesso mais profundo ao ser não se dá sem a presença da sensibilidade”.
É como se da escuridão brotasse luz. É como se quiséssemos transcender o sofrimento. Mas, como isto se dá, se sofrer é tão ruim? Alguém já disse que o sol que endurece o barro é o mesmo que amolece a cera. A dor abre um portal para a dimensão mais elevada da sensibilidade. Por isso ela me faz melhor! Sim! Sofrendo, aprendo a reconhecer o sofrimento do outro. Errando, aprendo a não julgar o erro do outro. Chorando, aprendo a enxugar muitas lágrimas por aí. E o mais importante, a dor me faz reconhecer a felicidade, quando ela chega!
Por vezes buscamos fugir da dor. Procuramos esconderijos, distrações. Fugimos para retiros onde possamos nos sentir seguros. Paisagens bonitas que possam nos afastar do foco daquilo que nos incomoda, retirar-nos para a paz. O que não vemos, às vezes, é que essa “cidade interior”, como chamavam os estóicos, pode ser encontrada onde quer que estejamos. Quando formos resilientes a ponto de recuperarmos nossa compostura mesmo em meio às dores, seremos capazes de extrair das piores situações lições que nos sirvam para a vida. A nossa e a de outros. Canalizaremos nossa percepção para o ponto mais elevado de nós mesmos. E, quando isso acontecer, não nos espantemos com os lindos frutos que possam surgir. Viajemos para o norte!
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