João Pessoa, 09 de maio de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Leda Maria é empreendedora do ramo do turismo em Areia, na região do Brejo da Paraíba. Ela é dona de uma pousada no centro da cidade, mas dessa vez seu olhar se voltou para a zona rural, para o sítio da família. Foi lá onde ela plantou 500 mudas de café que ela adquiriu do campo experimental da UFPB.
“Daqui a dois anos, vou poder colher, beneficiar, e oferecer no café da manhã da pousada”, visualiza Leda Maria.
Assim como Leda, outros empreendedores do município vinculados à Atura, Associação de Turismo Rural e Cultural de Areia, adquiriram mudas de café da UFPB e estão plantando em suas propriedades com a meta de criar dentro de dois anos, a Rota do Café. Esse é o tempo em que a produção começa a dar frutos.
Essa parceria entre Atura e o curso de Agronomia, da UFPB de Areia vem desde 2022.
O presidente da Atura, Leonaldo Alves, por ter vivência como docente no campus, pôde ver de perto a pesquisa do curso de agronomia para a retomada do plantio de café em Areia e região do brejo, e sugeriu a parceria, que corresponde à aquisição das mudas pelos associados e para a criação da Rota do Café.
ATURA e UFPB agora buscam parceria com a iniciativa privada, para que haja investimento em maquinário e laboratório que auxiliem no avanço da pesquisa pela qualidade desse café. E pensando numa indústria de excelência na produção de café na Paraiba que pudesse ajudar, as duas instituições se reuniram semana passada com representantes da São Braz.
Esse encontro aconteceu na sede da indústria, na cidade de Cabedelo. Uma comitiva formada por Leonaldo Alves, presidente da Atura, Manoel Bandeira de Albuquerque, professor e diretor do CCA, e Guilherme Silva de Podestá, professor e chefe do (DFCA/CCA), foram recebidos pelo presidente da São Braz, Leonel Freire, e pelo gerente de marketing, Carlos Frederico Dominguez.
Os representantes da empresa demonstraram interesse em apoiar o projeto e se comprometeram em visitar o CCA para conhecer o projeto que já está em andamento.
Leonaldo Alves considerou a visita ao grupo São Braz muito proveitosa, destacando a convergência de interesses para o avanço do projeto envolvendo o café gourmet.
Professor Manoel Bandeira ressaltou a importância do apoio da São Braz para impulsionar o desenvolvimento de mais uma atividade agrícola na região, já que a empresa é referência no setor de café no Nordeste do Brasil.
O CCA entendeu esse encontro como uma forma de alinhar visões da iniciativa privada com a pública em promover o desenvolvimento agropecuário no estado.
Como nasceu o resgate do café
O projeto de Resgate da Cafeicultura no Brejo Paraibano da UFPB teve início em 2016, com a pesquisa de literatura sobre como foi a produção de café em Areia, pela universidade. Foi feito um contato com a EPAMIG, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais para ver quais genótipos poderiam se adaptar aqui na região brejeira. Ainda em 2016, a universidade recebeu sementes e em 2017 , o campus fez um pequeno plantio. E em 2018, a universidade entrou com 21 genótipos da EPAMIG plantando no campo experimental da UFPB. Em 2020, foram introduzidas seis variedades tradicionais.
“O propósito do projeto é resgatar o plantio do café no município e na região do brejo, melhorar a qualidade de ensino para alunos do campus, por ser o café umas das principais commodities do mundo, e
fortalecer o curso de agronomia”, concluiu o professor Guilherme Podestá, coordenador do projeto de Resgate da Cafeicultura no Brejo Paraibano.
A ideia proposta pela Atura foi de adquirir as mudas e plantá-las nas propriedades dos associados, fortalecendo a pesquisa, gerando receita para o Campus e garantindo a concretização do projeto macro que é a criação da Rota do Café.
As sementes adquiridas pela Atura são certificadas. São cinco variedades do café arábica: Mundo Novo, Catuaí Vermelho, Catuai Amarelo, Catucaí Amarelo e Arara.
O que está sendo plantado hoje, vai ser colhido e beneficiado em 2025 e assim terá início efetivamente a Rota do Café que é a visita e a imersão no cultivo do grão.
A iniciativa da Rota do Café é da Atura e o apoio técnico é da UFPB. Hoje, a universidade visa ampliar esse apoio aos novos produtores, oferecendo orientação no processo de adubação, controle de pragas, espaçamento, uso de adubos orgânicos.
A UFPB já produziu 15 mil mudas até agora e está empenhada em adquirir variedades do grão com potencial para regiões mais quentes e outras com potencial para resistência à pragas e doenças.
A expectativa tem sido muito otimista para que o café seja um atrativo a mais no Brejo da Paraíba.
MaisPB
TURISMO - 19/12/2024