João Pessoa, 08 de junho de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Minha cidade é o meu universo. Gosto de João Pessoa como quem ama a própria mãe, pois aqui nasci e vivo há mais de meio século. Ainda criança pisava as areias limpas das praias de Tambaú e Cabo Branco. Ir aos domingos para o litoral era uma alegria infinda. Beber água de coco e chupar caju fazia parte dessa felicidade de menino.
Continuo gostando de praia mas vejo que muita coisa mudou, principalmente a vegetação e a presença constante de um personagem que antes por ali nunca tinha batido as asas ou metido o bico. Em conversa com o poeta e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho, falei de minha tristeza em não ver mais em nossas praias os cajueiros de outrora. Ele, homem de muitos livros, sugeriu que eu lesse uma obra do escritor pernambucano Mauro Mota (1991-1984), intitulada “O cajueiro nordestino” onde já previra que “A praia de Tambaú perderia muito em cheiro, cores e sombras sem os cajueiros que a povoam. E que avança na orla atlântica como se quisessem fazer do Cabo Branco e a da Ponta do Seixas trampolins para um mergulho no mar”. De fato, como perdeu! O curioso é que o cajueiro deu lugar – em nossas praias – aos cactos e castanholas, que agora estão na mira do órgão ambiental da prefeitura porque “No caso, as castanholas podem causar danos ao ecossistema da Mata Atlântica, podem produzir híbridos ao cruzar com espécies nativas e eliminar genótipos originais, ocupando espaços de espécies nativas”.
Outro invasor do litoral urbano é o pombo, aparentemente inofensivo mas transmissor de doenças como criptococose ou a salmonelose e encefalites virais, ao despejar suas fezes na areia está contaminando nossa orla.
Amo minha cidade e suas praias e continuarei a frequentá-las, pois como cantou o poeta imortal Hildeberto B. Filho “Todo homem tem uma cidade como o deserto, os seus ocasos”.
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TURISMO - 19/12/2024