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Kubitschek Pinheiro
O centenário de nascimento de Otacílio Batista, vai acontecer em setembro, dia 28, no Bessa Grill, na praia do Bessa, com a realização do ‘Tributo a Otacílio Batista – A Poesia Vive’ que este ano chega a sua 17ª edição, um evento que cresceu muito, uma iniciativa do seu filho, o jornalista Fernando Patriota.
Entre as inúmeras manifestações culturais, o encontro será marcado pelo lançamento da biografia do homenageado: “Otacílio Batista: uma história do repetente brasileiro”, com selo da Editora Hedra, de São Paulo, de autoria do Sandino Patriota, com posfácio de Fernando Patriota, prefácio de Edmilson Ferreira e orelha de Cleudon Chaves Júnior.
Também conhecido por “A Voz do Uirapuru’, Otacílio Batista tem sua arte destacada e reconhecida pelo Ministério da Cultura.
História
Otacílio Batista nasceu no dia 26 de setembro de 1923 e morreu no dia 5 de agosto de 2003, em João Pessoa. Depois de morar em São José do Egito, Tabuleiro de Norte, Fortaleza, foi na Capital paraibana onde um dos mais conhecidos e talentosos cantadores de viola fixou residência, ao lado de sua esposa, a professora Rosina de Freitas Patriota e seus 10 filhos. Otacílio chegou, com sua família em João Pessoa no dia 7 de julho de 1977, na antiga rodoviária da cidade, e nunca mais saiu. Certamente, os 26 anos que A Voz do Uirapuru morou em João Pessoa foi um dos períodos mais produtivos de sua extensa carreira profissional, com seis décadas dedica à cultura popular brasileira. Devido ao seu importante papel nessa área, Otacílio foi agraciado com os títulos de Cidadão Pessoense e Cidadão Paraibano.
O MaisPB conversou com o jornalista Fernando Patriota e traz as primeiras informações do 17º Tributo
MaisPB – Há 17 anos você tomou a iniciativa de realizar o tributo que leva o nome de seu Otacílio Batista, lembrando que a poesia vive. Vamos relembrar esse marco?
Fernando Patriota – Tudo começou em 2004, um ano depois da morte de papai. A homenagem é realizada anualmente e tem o propósito de fazer o resgate dos mais de 60 anos que Otacílio dedicou de sua vida à poesia popular. Foi ele um dos maiores responsáveis por difundir as diferentes modalidades do repente pelos quatro cantos do País, levando, ainda, a cantoria de viola para a Europa e países da América do Sul e Central. Seu legado é muito forte. Como jornalista, seria praticamente impossível não homenagear um artista como ele. Otacílio Batista sempre será referência para os poetas, estudiosos e admiradores da Cultura brasileira.
MaisPB – Este ano o evento presta uma justa homenagem ao centenário de nascimento de seu pai Conte aí pra gente dessa alegria, tão particular e dividida com o público?
Fernando Patriota – A versão do Tributo deste ano, realmente, tem um peso temporal diferenciado. Otacílio nasceu no dia 23 de setembro de 1923, na então Vila Uburanas, no Município de Itapetim, que pertencia a São José do Egito, na Região do Pajeú das Flores, no Estado de Pernambuco. Poder compartilhar o ano do centenário de nascimento de Otacílio Batista e o décimo sétimo Tributo ao poeta, produz, em mim, um misto de forte alegria e trabalho realizado. Sei que muita coisa virá, mas quando olho para trás e vejo os diversos produtos que nasceram depois do Tributo e que a memória artística de Otacílio Batista não está sendo esquecida, acredito que estamos no caminho certo.
MaisPB -Uma novidade boa é que este ano será lançado a biografia, ‘Otacílio Batista: uma história do repetente brasileiro’ (com selo da Editora Hedra – São Paulo), de autoria do Sandino Patriota, com posfácio seu. Você participou dessa pesquisa, quantas páginas têm o livro, fotografias?
Fernando Patriota – Sim. Essa, na verdade, é a segunda grande novidade do evento deste ano. A primeira é o Centenário de Nascimento. A biografia vem coroar o Tributo. Todos os filhos e filhas de Otacílio Batista, que são nove vivos, foram fontes de pesquisa. O livro tem 230 páginas e tenho orgulho de poder participar dessa importante obra para a cultura nacional, escrevendo o posfácio, no qual faço um histórico do Tributo a Otacílio Batista – A Poesia Vive. A obra traz o prefácio do poeta Edmilson Ferreira, e a orelha do também poeta Cleudon Chaves Jr. Segundo o próprio autor, Sandino Patriota, Otacílio, é o poeta de um interregno, de uma transição, de uma viagem cheia de desencontros, idas e voltas e também de conflitos. Do campo para a cidade; da cantoria de pé-de-parede pela bandeja à profissão do cantador que sustenta a família com o cachê; da tradição oral do repente ao registro da poesia escrita, Otacílio viveu e participou dessas rupturas, muitas vezes contra a própria vontade, mas sempre em uma posição de destaque.
MaisPB -O tributo será no dia 28 de setembro, no Bessa Grill. O evento já aconteceu em vários pontos da cidade. Você não acha que o Bessa Grill vai ficar pequeno para acolher os convidados?
Fernando Patriota – Olha, serão cinco horas de apresentações, entre músicas, declamações, cantorias e o lançamento da biografia. Como sempre, estamos tratando a produção do evento com muito carinho e profissionalismo e o espaço destinado às atrações artísticas é muito bom, com ar-condicionado e com capacidade para 280 pessoas sentadas, serviço de bar e restaurante. É um bom número. Será cobrado, apenas, o couvert de R$ 15,00, que convertido, integralmente, para os músicos.
MaisPB – Já temos as presenças confirmadas de Oliveira de Panelas, Silvia Patriota, maestro João Linhares, Escurinho, José Patriota, Antônio Costa, Cristino Oliveira, Bianca Rufino, entre outros. Vamos falar dessas atrações?
Fernando Patriota – O Tributo deste ano vai ser um verdadeiro festival de uma noite só. Nomes já consagrados da poesia e da música, como Oliveira de Panelas, Escurinho e João Linhares , vão dividir o palco com revelações, a exemplo de Bianca Rufino, Ludmila Patriota e Lucille Patriota, as duas últimas netas de Otacílio Batista. Também está confirmado o grupo Voz Ativa, que comemora seus 30 anos de carreira e o poeta cearense, Cleudon Chaves Jr. O evento ainda traz os filhos do homenageado, o poeta José Patriota e Sílvia Patriota. Dentro da programação, ainda tem os cantadores Antônio Costa e Edmilson Ferreira. Será um grande festa, em homenagem à poesia popular, com o diferencial do lançamento da biografia de Otacílio Batista.
MaisPB – Seu pai Otacílio Batista nasceu aqui há cem anos (26 de setembro de 1923), e passou por várias cidades São José do Egito, Tabuleiro de Norte, Fortaleza. Anos depois voltou com sua família, sua esposa a professora Rosina de Freitas Patriota e seus 10 filhos e aqui ficou até fazer sua viagem. Vamos falar desse tempo, desse reencontro com a Paraiba?
Fernando Patriota – De acordo como está na biografia ‘Otacílio Batista: uma história do repente brasileiro’, o poeta sempre viveu da cantoria de viola, que foi sua única atividade profissional, durante mais de 60 anos. Mesmo tendo nascido em São José do Egito, hoje Itapetim-PE, formou família em Tabuleiro do Norte, no interior do Ceará. Foi para Fortaleza–CE, e depois para João Pessoa–PB, sempre em busca de acesso à saúde e educação para seus 10 filhos. Em meados de 1950, Otacílio chega em João Pessoa pela primeira vez, inclusive uma de suas filhas, Laís, nasceu na Capital paraibana. Quase 20 depois, em 1977, Otacílio desembarca em João Pessoa pela segunda vez, para nunca mais sair. “Sua vida, algumas vezes, se assemelha com a de muitos sertanejos forçados a fazer o êxodo rural. Sua ferramenta de trabalho é que foi diferente, para a qual nunca pôde receber ensino formal para manejar, mas que ainda assim dominou como poucos: a poesia”, revela a biografia
MaisPB – Desde quando ele começou a ser chamado de A Voz do Uirapuru?
Fernando Patriota – Otacílio Batista começou a cantar em 1940, com 17 anos de idade, em uma Festa de Reis, em São José do Egito. Logo, seu nome passou a ser conhecido, devido ao alto nível dos seus repentes improvisados e sua voz única, forte e melodiosa. Com a chegada dos programas de rádio, seu nome ganhou ainda mais projeção e os comunicadores da época passaram a chamar Otacílio de ‘A Voz do Uirapuru’. O Uirapuru é um pássaro da Amazônia brasileira, com belo e raro canto, quando canta toda a floresta fica em silêncio para ouvir sua melodia.
VÍDEO - 02/01/2025