João Pessoa, 27 de janeiro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A memória é o túmulo de muita gente, não aqueles que trazem segredos, mas as catacumbas estão cheias – quem anda para trás, já sabe, né? Enquanto a boca invocar podres poderes e horrores, a memória vai se instalando nos túmulos. É impressionante.
Ter boa memória é coisa rara. Isso só acontece com quem lê o bastante, para não cair no oficio do demo.
Vazia, sem clima, maquinal, a morte em vida, é cruel. Morto vivo é o que tem de mais rascante por ai.
Todos temos memórias que os anos consomem, e muitos se deixam ser consumidos.
A fala não pronunciada, nem correspondida, dá nisso, esbarra na memória tumular daqueles que não produzem nada, sequer o pensamento.
Quando eu era pequeno a minha mão desenhava as palavras no ar, algo enaltecia a descoberta de um novo vocábulo, que ia direto para cérebro. Fiz e ainda faço anotações diversas – em livros, filmes e aulas.
Não sou bom de memória – que não é fácil. Eu não consigo mais decorar um poema, só músicas, pois, faz escuro mais eu canto, do tempo que meu meu pai me apresentou a Thiago de Mello.
O jeito sensual de algumas frases me excita e esse jeito já é um gozo. Namorar tem dessas coisas, olhar na cara um do outro e sentir que o amor vai se armazenando na memoria.
Sexo tem memória? Não, o sexo é a premissão do prazer.
Para quem não consegue adormecer, atolado nos carneirinhos, a saída é voltar as palavras da cabeira. Livro é memória viva.
A beleza tem memória? Não sei, talvez a fisionomia. Quantas vezes encontramos com determinadas pessoas e não nos lembramos dela? É porque não temos aquela memória.
A inocência tem memória? Ora, nada que se esquiva das sílabas, é memorável.
A loucura tem memória? Não, mas deixa assim.
O coração tem memória? Bom, o coração é terra que ninguém anda.
O sossego tem memória? Não, o sossego é sagrado.
O sonho tem memória? Depende.
O olhar tem memória? Tem sim, mas para isso existe a miopia.
A distância tem memória? Só o vulto sabe.
O abandono tem memória? Só sendo…
E a luta, a luta tem memória? A luta continua.
Kapetadas
1 – Me desculpe por ter desmarcado o nosso compromisso. Eu me enrolei aqui… no edredom e não pretendo sair tão cedo.
2 – O que falar dessa pessoa que mal conheço e já considero pacas. Odeio essa palavra – pacas
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
TURISMO - 19/12/2024