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50 anos de Pérola Negra: Criolo e Mahmundi detalham álbum com tributo a Luiz Melodia

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publicado em 09/03/2024 ás 13h10
atualizado em 09/03/2024 ás 13h14

Kubitschek Pinheiro

Fotografias – Rodrigo de Paula e Jay Nonso

“Pérola Negra”, álbum de estreia de Luiz Melodia, completou 50 anos em 2023. A Universal lançou este ano,  o “Projeto Pérolas Negras – Um Tributo a Luiz Melodia” para comemorar o feito. O material conta com seis regravações do disco, lançado em 1973. O disco está nas plataformas. A Melodia de Luiz ficou na cabeça de muitas gerações. A produção musical é de Mahmundi, que se junta às vozes de Anelis Assumpção, Criolo, Liniker, Mart’nália, Sandra Sá e Zezé Motta,

Luiz Melodia tinha apenas 22 anos quando, em junho de 1973,  quando lançou “Pérola Negra” – um clássico da música brasileira. Protagonizado pelo jovem cantor e compositor, o álbum reunia dez faixas, das quais duas já haviam sido gravadas por intérpretes consagrados: Gal Costa gravou “Pérola Negra” em Fa-tal – Gal a Todo Vapor, show e disco de 1971 e no ano seguinte 1972 a canção surgiu também na voz de Ângela Maria. No mesmo ano, Maria Bethânia registrou “Estácio, Holly Estácio” no álbum Drama. Além dessas, o disco apresentava outras canções que, posteriormente, figurariam com destaque em sua obra.

Por esses e outros sons ligados às composições do disco e seu hibridismo musical, o álbum marcou com ineditismo e ousadia o cenário musical da década de 70.

O músico Luiz Melodia faleceu há 7 anos, em agosto de 2017  em decorrência do agravamento de um mieloma múltiplo, um tipo raro de câncer que acomete a medula óssea. Sua obra não morre nunca.

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Pedro Luís/Luiz Melodia

Em 2018, entrevistamos ao artista Pedro Luís – o cantor e compositor carioca que estava turnê com o show em homenagem a Luiz Melodia. O repertório da apresentação, que recebeu o nome “Pérolas Negras”, trouxe as dez canções do disco de estreia de LM e alguns outros sucessos. O projeto virou um álbum, gravado em estúdio, com produção de Rafael Ramos.

“Eu tive o privilegio de ter a benção antes do Luiz se encantar, para fazer a visita ao álbum “Pérola Negra”,  que estreei na primeira versão do Blue Note, Rio e se chamava exatamente Pérolas Negras, com o repertório desses disco que está fazendo 51 anos, mas fazia outras canções para complementar o set list, que tinham sido importantes para mim, do Luiz. Foram até difíceis escolher porque são muitas musicas importantes, mas esse álbum é seminal para mim, pois, quando ele chegou na minha casa, eu tinha 12 anos, é um canto pela diversidade e pela força do compositor e interprete. Quando eu escolhi visitar esse álbum, é porque ele é muito precioso, na construção da minha obra musical  e Jane  (Melodia,  viuva do artista) e ele me deram anuência, ele não chegou a assistir ao show. Quando eu fui gravar,  tinha canções que não eram dele, mas que ele interpretou sublime como lhe era peculiar, o disco virou Vale Quanto Pesa. Eu fiquei muito encantado com esse Projeto Pérolas Negras – Um Tributo a Luiz Melodia, com selo da Universal Music – a Jane já tinha me falado. Luiz é eterno e tem que ser conhecido pelas novas gerações e as que acompanharam  e ainda padecem muito pela sua falta. Vida longa para a obra de Luiz Melodia”, disse Pedro Luís.

O MaisPB conversou com  Mahmundi, a produtora musical que interpreta “Estácio, Holly Estácio”  e Criolo, que abre o disco cantando “Pérola Negra”, numa interpretação  voz e violão impressionante. Tanto Criolo, como   Mahmundi falam desse momento em que trazem Luiz Melodia para ouvidos mundiais.

Mahmundi

MaisPB  – Tem seu dedo em quase tudo nesse projeto e ficou primoroso, na direção e produção musical – vamos começar por aqui?

Mahmundi – Eu fiquei muito feliz pelo convite da Universal que tem um catálogo muito vasto de vários artistas, e foi muito bom trabalhar com esse time.  Falar de Luiz Melodia  – e falar desse legado, dessa  história, que o artista estava com 22 anos quando fez, pra mim foi um desafio. Eu não queria trazer coisas que distanciasse do artista e da obra, mas optei por uma clareza, arranjos clássicos e que combinassem com os artistas também. Eu sai desse projeto muito maior. Todo mundo saiu impactado.

MaisPB – Liniker arrasa na interpretar soul de “Vale Quanto Pesa”. Parece que a canção cresce bem mais com a voz dela e o jeito peculiar de cantar. Estou certo?

Mahmundi – Quando pensei na Liniker e no Criolo, estava pensando muito nos timbres. Eu nunca tinha visto o Criolo, voz e violão, a não ser no seu álbum samba (Espiral de Ilusão, 19178) a Liniker também. A gente trouxe isso com algumas percussões – uma coisa próxima ao trabalho dela, mas trazendo novas nuances. A ideia foi essa para que chegasse ao ouvinte, coisa muito sutil. A palavra com novas vozes, ela ganha quase novos significados e fica muito bonita.

MaisPB – Você canta “Estácio, Holly Estácio”, uma das mais belas da obra de Luiz Melodia – e sua voz chega com sentidos aguçados. Fala ai pra gente dessa alegria?

Mahmundi – Cantar Estácio, Holly Estácio foi muito bom e interessante, porque eu estava uns meses com essa obra, tinha a interpretação, a canção  de Melodia é muito linda, as imagens do Rio de Janeiro, muitas coisas deliciosas do Rio, não só sair cantando, precisava interpretar. Eu gostei muito de produzir o álbum para cada intérprete – é sempre um desafio, mas ficou lindo, fiquei muito feliz.

MaisPB – E participação de Josefe?

Mahmundi  – Muito bom, aliás todos. Ele que trabalha comigo na produção desse projeto, tocou os violões base ali pra gente ter um repertório, depois  Webster Santos  participando dos vilões dessa faixa, tivemos também o clarinete do Ivan Sacerdote na canção do Criolo, e tudo foi deixando a gente com mais alegria para cantar.

MaisPB – “Magrelinha” que Caetano Veloso (gravou no ao vivo no Noites do Norte) nesse Projeto, chega com duas vozes  – Anelis e Zezé Motta num dueto cinematográfico. Estou certo?

Mahmundi – Magrelinha com Anelis e Zeze Motta veio a ideia de trazer um piano. É  como você falou, um dueto cinematográfico, de ter um peso, de ser bom momento, quase como o fio de uma história, ali no coração do Brasil. Então, a gente pensou no Samuel Silva (Sam Jazzy) para tocar os pianos, ali nessa emoção das duas, com poucos elementos. Gravar Zezé e Anelis foi um presente, sou fã de todo mundo, Sandra de Sá, Mart’nália  – quando as meninas dão a cara para a música, a música sai muito, vem com tudo.

MaisPB- Tudo é beleza nesse disco, né?

Mahmundi – Sim, votando a dizer como me sinto, para dizer a essas pessoas, que conviveram com o Melodia, Jane Melodia pessoa incrível. E que sabem da história dele, foi muito lindo. Nossa só de lembrar aqui fico emocionada…

MaisPB – Pena que as outras canções desse disco não entraram no projeto – como Forro de Janeiro, Abundantemente morte, Objeto H e Farrapo Humano…

Mahmundi  – A gente não teve como colocar as outras músicas, porque o tempo estava corrido, eu estrava querendo as canções que os artistas estavam conectados. Como você falou “Forro de Janeiro, Abundantemente morte, Objeto H e Farrapo Humano” são canções muito específicas e a gente teria que elaborar com mais calma, mas deu tudo certo, já valeu a Universal me chamar e, quem sabe vamos fazer mais coisas do Melodia e de outros artistas, que vai ser sempre gratificante.

MaisPB – Vamos fechar a entrevista… fala mais aí?

Mahmundi – Eu gostei muito de fazer um trabalho em que possa eleva o potencial dos aristas, dar a cara dele, cantando, trazendo a memória do Melodia. O bom de trabalhar com artista sendo artista, é que gente consegue prever, observar, e eu trago isso desde da época que era técnica de som, assistente de som, agora produzindo musicalmente, acho que este ano, é tudo isso e muito mais – um beijos para vocês ouçam Pérolas Negras, que a gente se ver em breve.

Criolo

MaisPB – A sua versão de “Pérola Negra”, mostra uma imensidão e um silêncio.  Você canta cheio de uma saudade, parece até uma valsa. Estou certo?

Criolo – Mahmundi construiu um ambiente pra extrair o melhor de todos nós. Essa faixa é o total êxito de sua maestria, com todos que participaram desse lindo projeto.  É uma emoção enorme. Lembrei muito de meu pai, e eu o amo demais, por isso foi muito emocionante.

MaisPB  -A sua regravação nos remete a Luiz Melodia que não rasga a voz, nas apresentações ao vivo e no original ele mostra como diz a letra um novo canto, certo?

 Criolo  – Tentei seguir ao máximo a canção original, tentando fazer valer cada ensinamento. Estou feliz demais com a oportunidade.

MaisPB -Você tem um projeto novo para 2024?

Criolo  – Espero ter a oportunidade de aprender novas canções. Em breve novidades!!!

MaisPB –  Como foi performance ao vivo?

Criolo  – Gravamos em estúdio no mesmo dia das filmagens, foi tudo muito especial e a equipe toda criou o melhor ambiente possível. E saiu essa beleza que agora vai pro mundo.

Faixa a faixa

1. Criolo – “Pérola Negra”

Violão: Webster Santos

Clarinete: Ivan Sacerdote

Arranjos por Mahmundi e Josefe

2. Mart’nália – “Estácio, Eu e Você”

Violão: Webster Santos

Piano e Synths: Josefe

Baixo Synth: Mahmundi

Bateria e Percussão: Kabé Pinheiro

Arranjos por Mahmundi e Josefe

3. Mahmundi – “Estácio Holly Estácio”

Violão: Webster Santos

Percussão: Kabé Pinheiro

Synths: Josefe

Baixo Synth: Mahmundi

4. Sandra de Sá – “Pra Aquietar”

Violão: Webster Santos

Guitarra : Webster Santos

Percussão: Kabé Pinheiro

Baixo Synth: Mahmundi

5. Anelis Assumpção e Zezé Motta – “Magrelinha”

Piano: Samuel Silva (Sam Jazzy)

Synths: Josefe e Mahmundi

Baixo Synth: Mahmundi

Arranjos por Mahmundi e Josefe

6. Liniker – “Vale Quanto Pesa”

Violão: Webster Santos

Percussão: Kabé Pinheiro

Baixo Synth: Mahmundi

Arranjos por Mahmundi e Josefe

Ficha Técnica – “Pérolas Negras – um Tributo a Luiz Melodia”:

Projeto Dirigido e Produzido por Mahmundi

Coproduzido por Josefe

Produção Musical: Mahmundi e Josefe

Arranjos por Mahmundi e Josefe

Áudio:

Arranjos:  Mahmundi e Josefe

Gravado em Arpoador Studios, São Paulo

Edições de Bateria e Percussão: Matheus Souza

Técnicos de Gravação: Denis Taniguchi, Rafael Angerami e Verônica Gesteira

Preparação Vocal: Mariana Moga e Eduarda Cunha (Cor & Voz)

Direção Vocal: Josefe

Mixado e Masterizado no Estúdio Alcachofra Records por Pedro Serapicos

Vídeo:

Produtora de Imagem: Sarça Films

Diretor de Cena: Rodrigo de Paula Mariano e Sarah Martins

Produtor Executivo: Eder Ferreira

Producer: Gustavo de Oliveira

Assistente de Produção: Givaldo Costa Junior

Gerente de Projeto: Kimberly Kely Dailher

Diretor de Fotografia: Lucas Ferreira Peres Pimpinatti Paulino

1 ° Assistente: Giovanny da Silva Oliveira

2 ° Assistente: Thiago Alves Carneiro Ferreira

Gaffer: Lucas Eduardo Oliveira

Assistente Gaffer: Leonardo Garcia Latorre Dias, Vinicius Oliveira e Weslley Barreto Santos

Logger: João Pedro Moreira e Igor Basaglia Maciel

Diretora de Arte: Emille Martins

Assistente de Arte: Silas Barreto do Carmo e Kayene

Produção de Figurino: Jubba Sam

Assistente de Figurino: Bruna Gindro e Thalita Tahira

Make: Ana Carolina da Costa Romero Maceió e Tayrine Pinheiro

Locação: Studio Agora

Catering: Pérola Negra

Fotografo: Jackson Nonso

Collor e Edit: Rafaim Correia