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Mentira pode demonstrar baixa autoestima e até psicopatia

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publicado em 01/04/2024 às 19h02
atualizado em 02/04/2024 às 05h17

O Dia da Mentira é inteiramente conhecido pela capacidade de enganar as pessoas, seja por brincadeiras, falsos anúncios e ‘mentirinhas’ que poderiam facilmente ser verdadeiras. Porém, o ato de mentir constantemente, mesmo como algo lúdico e divertido, pode esconder uma realidade muito mais difícil e complexa, oscilando até para um cenário doentio.

No primeiro dia do mês de abril, o Portal MaisPB buscou entender como a mentira pode significar muito mais do que uma simples alegria instantânea. Para o psicólogo Aldir Pereira, a mentira pode se tornar um ato de defesa, passa a ser o caminho para não se magoar, resguardar seus sentimentos e proteger os próximos.

“Muitas vezes, nós não somos honestos com a gente mesmo ou com a situação que a gente se encontra, muitas vezes como mecanismo de defesa, mais para defender o ‘meu eu’, o ‘meu ego’, mas sabendo que isso pode trazer outras consequências”, disse o psicólogo ao programa Hora H, da Rede Mais Rádio, desta segunda-feira (1º).

A mitomania e as doenças

Além da mentira, que pode esconder um sentimento ruim e maquiar uma realidade, ela pode significar um traço da personalidade de uma pessoa, e suas dificuldades. A mitomania, de acordo com Aldir Pereira, consiste no hábito compulsivo de mentir, tanto em algo mais sério quanto trivial. Na visão profissional, esse é um sinal característico de insegurança.

“A gente pode até denominar isso como uma forma compulsiva de agir e denota, muitas vezes, uma profunda insegurança. Uma insegurança pessoal mesmo, no seu eu. A pessoa pode até demonstrar muita baixa autoestima, ela não tem confiança em si mesmo e no mundo. E por isso, pra que se possam se sentir um pouco mais seguras, elas mentem”, disse o psicólogo.

A mentira pode se tornar uma patologia e ser parte de um transtorno pessoal. O Transtorno de Personalidade Limítrofe e o Transtorno de Personalidade Antissocial são dois exemplos de doenças impulsionadas pelo ato da mentira. Inclusive, mentir faz parte de um traço de psicopatia.

“Existem até mesmo patologias. Pessoas que, como por exemplo o psicopata, que tem a patologia de ser antissocial, elas muitas vezes utilizam da mentira para manipular. Então, nesses casos mais patológicos que demonstram e manifestam patologias e transtornos de patologia, o tratamento pode envolver medicamentos e psicoterapia”, disse Aldir Pereira.

Tratamento psicológico

Na visão do psicólogo Aldir Pereira, para chegar num diagnóstico, é preciso do trabalho constante de um profissional da Psicologia. O primeiro passo é reconhecer o hábito e procurar entender de onde surgiu e qual a necessidade da mentira no dia a dia. Em casos mais sérios, de patologia, o tratamento com remédios e de terapeutas são fundamentais.

As pessoas em situações de crise podem ser atendidas em qualquer dispositivo da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que é formada por vários serviços de saúde com finalidades e características distintas. São serviços da rede pública de saúde do SUS que seguem os princípios fundamentais da universalidade, integralidade e equidade.

Na Paraíba, os atendimentos podem ocorrer no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), com mais de 110 unidades espalhadas em todas as regiões paraibanas. O tratamento é realizado de forma gratuita, e o paciente será avaliado por psiquiatras e psicólogos.

Leonardo Abrantes – MaisPB

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