João Pessoa, 02 de abril de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Para muitas pessoas, envelhecer pode ser sinônimo de maturidade e bem-estar. É uma fase da vida cheia de desafios em que os cuidados preventivos com o corpo e com a mente contribuem para a longevidade.
Contudo, como todos sabemos, a velhice não tem apenas uma cara: ao mesmo tempo em que há pessoas de 60 anos com aparência mais fragilizada, existem homens e mulheres de 90 anos ou mais, muito bem-dispostos e isso nem sempre tem a ver com falta ou excesso de cuidados. O que não pode ser ignorado é do quanto o passar do tempo muitas vezes pode pesar na mente e no físico de quem envelhece.
A saúde mental do idoso possui características próprias. Em cada fase da vida, as pessoas têm necessidades distintas e enfrentam desafios correspondentes ao momento em que estão vivendo. Por exemplo, na adolescência, os mais jovens se preocupam com notas de provas, “baladas”, vestibular, namoros etc. Já na vida adulta, as maiores preocupações são a vida profissional, contas a pagar e família. Os idosos também possuem as suas próprias preocupações. Muitas delas envolvem principalmente a saúde do corpo físico, mas devemos lembrar que a saúde da mente não pode ser ignorada, pois com a deterioração física natural do corpo, há também inevitavelmente um comprometimento da qualidade de vida, e isto traz a reboque o sofrimento emocional, contribuindo muitas vezes para a instalação de transtornos mentais.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental é um estado de bem-estar emocional no qual o indivíduo consegue desenvolver suas competências, atingir os seus objetivos e gerenciar o estresse e emoções negativas. E, assim sendo, os idosos também estão inseridos nestes mesmos princípios, e portanto precisam de atenção e cuidados, que não se limitam apenas às visitas periódicas ao médico ou psicólogo(a), exames e tratamentos. Também envolvem fatores que ajudem a melhorar a qualidade de vida destes, como o acesso a oportunidades de socialização, divertimento e até mesmo trabalho, caso estes se sintam aptos e desejem.
Em geral, os problemas mais presentes e que mais impactam os idosos são: a solidão, as alterações do humor, o ócio, a negligência da família, a debilitação do corpo e da mente e a insônia. Sendo que, a solidão, segundo alegações dos mesmos, se constitui numa das principais dificuldades enfrentadas por essa faixa etária. Considere-se que, muitos desses moram sozinhos, ou são colocados em asilos e recebem poucas visitas dos familiares. No que concerne às alterações do humor, também comuns na terceira idade, normalmente estão relacionadas à interferência das dores físicas e emocionais muito costumeiras nesta idade, acarretando com isto sentimentos como: raiva, tristeza, frustrações etc.
O ócio é prejudicial para todas as idades, mas, sobretudo, para os idosos. E este pode ser mais danoso ainda quando a família é ausente. É muito importante o contato frequente com os filhos, netos, parentes e amigos. Tal socialização é um ótimo remédio para despertar o bom humor dos idosos, e ajudar a livrá-los de males como a depressão, por exemplo.
Outro aspecto que contribui muito para comprometer o bem estar dos idosos, como já citado, é a debilitação progressiva do corpo e da mente. Não são poucos os que têm dificuldades em aceitar este declínio natural com o advento do avanço da idade. É comum que alguns idosos apresentem mais problemas de saúde (raciocínio, memória, insônia, mobilidade etc.), do que outros e, assim sendo, fazem comparações com quem não possui tantas dificuldades, e isso pode afetar significativamente a autoestima destes.
Em geral, os principais transtornos mentais que acometem os idosos são: depressão, ansiedade, demência, síndrome do pânico e a bipolaridade. Portanto, os cuidados com a saúde destas pessoas são essenciais.
Assim sendo, enumeramos algumas sugestões de ações e comportamentos que se forem empreendidos, poderão ajudar no bem estar e na promoção da saúde mental dos idosos, vejamos: incentivar a prática de atividades físicas apropriados para a idade (jardinagem, dança, caminhadas, yoga, hidroginástica e exercícios físicos outros adequados a essa fase da vida); passeios em lugares agradáveis e alinhados às condições físicas desta faixa etária; exercícios mentais do tipo “quebra cabeça”, joguinhos eletrônicos ou manuais, palavras cruzadas e terapias manuais outras que ajudem a elevar a autoestima. Também é importante incentivar e orientar este público à ingestão de alimentos saudáveis etc.
Enfim, é necessário que a sociedade se conscientize que, com o avanço da tecnologia e da ciência, a longevidade dos seres humanos tem crescido e, portanto, é importante que se esteja preparado para esta nova realidade que é posta e tem que ser vivenciada, seja na condição de cuidadores, de cuidados ou ambas as posições.
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OPINIÃO - 22/11/2024