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Educador Físico,  Psicólogo e Advogado. Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal Investigativa. Agente Especial da Polícia Federal Brasileira (aposentado). Sócio da ABEAD - Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e do IBRASJUS - Instituto Brasileiro de Justiça e Cidadania. É ex-presidente da Comissão de Políticas de Segurança e Drogas da OAB/PB, e do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas do município de João Pessoa/PB. Também coordenou por vários anos no estado da Paraiba, o programa educativo "Maçonaria a favor da Vida". É ex-colunista da rádio CBN João Pessoa e autor dos livros: Drogas- Família e Escola, a Informação como Prevenção; Drogas- Problema Meu e Seu e Drogas - onde e como lidar com o problema?. Já proferiu centenas de conferências e cursos, e publicou dezenas de artigos em revistas e livros especializados sobre os temas já citados.

O consumo de drogas sintéticas sem controle

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publicado em 21/05/2024 às 07h00
atualizado em 20/05/2024 às 16h56

Os seres humanos geralmente são afetos às mudanças e novidades. Ao que parece tal comportamento está no DNA destes animais que se dizem inteligentes. E, os jovens mais especificamente, são mais vulneráveis a aceitarem ou serem influenciados por tais mudanças e modismos.

A cultura da moda é dinâmica e está sempre lançando novidades no afã de atender esta necessidade, não sei se natural e instintiva da humanidade, ou se esta é induzida por estes criadores dos novos estilos de viver, comer, vestir, cantar etc. E, desta forma, constantemente são lançados para consumo humano produtos e comportamentos os mais diversificados, que vão de: roupas, aparelhos eletrônicos, comidas, modelos de corte de cabelos gírias, e até drogas, sejam estas lícitas ou ilícitas.

E, assim sendo, se algumas destas criações e mudanças comportamentais são benéficas aos seres humanos e à sociedade como um todo, outras podem ser extremamente prejudiciais e destrutivas, a exemplo do uso indevido de drogas, que tem crescido, especialmente em relação àquelas substâncias sintéticas (fabricadas em laboratórios).

Estudos científicos recentes, afirmam que nas últimas duas décadas, foram lançadas em todo o mundo, por laboratórios clandestinos, centenas de novas drogas sintéticas.

As organizações criminosas aproveitam-se exatamente da morosidade costumeira do Poder Público, que na maioria das vezes demora décadas estudando e analisando estas substâncias, para poder decidir se as mesmas serão proscritas ou controladas. E é neste vácuo de normatização que os criminosos tiram proveito, lançando e se locupletando cada vez mais rápido com a venda dessas substâncias sintéticas, que em geral são de qualidade e pureza duvidosas, geralmente mais concentradas em princípio ativo que as drogas naturais, e, portanto, mais danosas e viciantes.

É importante acrescentar que, em geral, o comércio ilícito dessas substâncias é mais lucrativo para os traficantes, quando comparado à venda de drogas já largamente conhecidas como maconha e cocaína, por exemplo. Além disto, essas são mais fáceis de serem camufladas, pois têm formas de apresentação e embalagens similares àquelas das substâncias legais, ocupam pouco espaço, e são difícil de serem identificadas, o que dificulta bem mais o trabalho e devido controle por parte dos órgãos fiscalizadores.

Dentre as inúmeras drogas sintéticas ilícitas comercializadas na atualidade, certamente a metanfetamina MDMA, e suas variantes, popularmente conhecidas como Ecstasy, “Êxtase” ou “Bala”, que geralmente apresentam-se no formato de pequenos comprimidos ou cápsulas, coloridas ou não, são as mais populares, seguidas pelas alucinógenas: LSD (dietilamida do ácido lisérgico) e suas inúmeras variantes, também conhecidas como: “doce”, ácido, NBOMe etc., que normalmente apresentam-se na forma de pequenos selos de papel (tatuagens), comprimidos ou mesmo em pó ou líquida.

Nos últimos anos, muitas outras substâncias sintéticas, algumas já conhecidas e outras não, têm sido lançadas por laboratórios clandestinos. Entre estas destacamos os opióides sintéticos (heroína, fentanyl etc.); canabinoides sintéticos (drogas k em geral – K2, K4, K9, spice, “pirepaque do chaves” e outras). Estas, embora trate-se geralmente da mesma substância, recebe pseudônimos diferentes de acordo com a forma de apresentação: erva, líquida, pó etc.

Além dessas já citadas tem sido comum as apreensões de outras substâncias sintéticas, a exemplo das chamadas “Catinonas”. Segundo alguns estudos, estas são extraídas da planta Khat, originária da África, que é usada em vários países como agrotóxico e fertilizante. É comum esta droga também ser comercializada clandestinamente com o pseudônimo de “sais de banho”. É dotada de forte efeito alucinógeno e também estimulante, e geralmente apresenta-se na forma de pequenos cristais, coloridos ou não, daí também ser apelidada de “cristal”, “ice” e ou outras denominações.

Um fato que pode contribuir para agravar o consumo indevido e crescente em relação às drogas sintéticas é que estas, como já citado, geralmente têm aparências de drogas terapêuticas (comprimidos, cápsulas etc.), ou polivitamínicos, que são produtos legais e comumente consumidos pela sociedade contemporânea, o que minimiza o medo em consumí-las. Tal fato, tem provocado não apenas o aumento do consumo das sintéticas, mas também um comportamento de multiuso, haja vista, a aparência inofensiva.

Esta, portanto, é mais uma empreitada informativa que todos nós precisamos encampar e incluir na educação dos nossos afoitos e desinformados jovens.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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