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Dois amores. “Close” é um filme de verdade, de 2022, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro, mas não levou. É um filme triste, mas precisa ser visto. Cê já viu “Close”, de Lucas Dhont?
Close é um drama de origem belga, que conta a história da imensa amizade entre os jovens Leo (Eden Dambrine) e Rémi (Gustav De Waele), ambos de 13 anos de idade. Uma história de amor que se desvencilha, após os dois meninos serem julgados pelos amigos de que eles, Leo e Remir, possuíam uma amizade “íntima demais”. Ora, amizade é superior ao amor.
Nada pior do que os julgamentos milenares seguidos do discurso da religião. Os dois acabam se distanciando, deixando marcas pela vida toda e, certamente, muitas coisas que a gente se esquece de lembrar – o zelo.
Li uma entrevista com o autor Lukas Dhont, abordando assuntos como masculinidade, estereótipos, personagens e também a própria vida do diretor, mas vamos cuidar na vida, né?
Sim, “Close” é um filme intimista, não o bastante, não teria sentido, que aborda a relação de amizade entre dois belos jovens. Tenho a impressão que o filme não chegou a muitos. Uma das coisas que mais me impressionou foi o sutil caminho tomado para abordar momentos privados da vida dos dois personagens.
Não acredito que tenha sido fácil colocar na tela, o tema, diante do sistema, das decisões apontadas pelas sociedades constituídas, até da escrita do roteiro. Close precisa ser visto por milhares pessoas.
O diretor, Lukas D disse que sendo o seu segundo filme, de várias maneiras, ele queria fazê-lo como uma peça complementar para o primeiro filme “Girl”, que entre as coisas, é uma obra sobre feminilidade. “Eu sabia que queria fazer, neste longa, algo sobre a masculinidade. Eu tive essa realização de filmar mais do que homens brigando. De filmar homens dando suporte um ao outro. Existia o desejo de ver intimidade nesse universo masculino”, registra Lucas Dhont
O filme vem da natureza, da colheita das flores da família de Leo, o trabalho e seus resultados, cujas imagens são mais íntimas do que a própria intimidade entre seres humanos. A natureza é um gozo. É linda a cena de Leo e Rami correndo entre o colorido das flores. Certamente essas cenas mostram mais de Close do que o envolvimento amoroso entre os personagens. Não existe cena de sexo, óbvio, não cabe sexo no filme, sequer quando dormem juntos – Rami e Leo.
A gente tende a pensar outras coisas, além. Pensamentos de que precisamos ser duros, nunca preconceituosos e homofônicos, mas o filme não necessita de nenhuma interferência, é um filme que fala de amor entre duas pessoas que se misturam na natureza, entre tantas interpretações tardias.
Tem a ternura do diretor, que confessa ser “uma ternura e fraqueza. Ao crescer, eu achava que a ternura era algo a ser escondida. Vivemos em um mundo onde a masculinidade e a virilidade são muitas das vezes vistas como a mesma coisa”.
Então, Close é a transformação, pé no chão, um sentido, não um, muitos. Uma representação da arte. Ao longo do filme, seus trajes se tornam mais amarelos sujos, marrom sujos. Cores diversas e uma luz impressionante. Podemos ver esse tipo de representação da perda da inocência, em seus figurinos, com o desfecho da morte.
Kapetadas
1 – Sono dormido sozinho é sonho; sono dormido junto é ronco.
2 – É impossível imaginar um mundo sem cachorros. E sem crápulas, canalhas e patifes.
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OPINIÃO - 22/11/2024