João Pessoa, 01 de julho de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
É angustiante, para alguns, despertar todas as manhãs ao som implacável da própria mente. O ruído ensurdecedor da manutenção da vida nos convida ou, mais precisamente, nos convoca a sairmos do estado de paz induzida que o sono nos proporciona e enfrentarmos o barulho do mundo externo. Por vezes, o nosso desejo é de, como um anacoreta, abandonar o que nos rodeia e viver unicamente no mundo da contemplação, lugar no qual o único ser habitante é o nosso próprio eu.
O que encontraremos nessa viagem? Gostaremos dos sons que ouviremos quando silenciarmos as vozes externas? Nesse lugar silencioso, longe das demandas ruidosas, habita vida? Se apagarmos a luz, conseguiremos enxergar algo?
Acordo na segunda-feira e, antes que o despertador do relógio desempenhe o seu papel, o velho barulho da minha mente, tão pontual como sempre, já me lembra da demanda diária que tenho enquanto mãe, dona de casa e profissional. Prontamente, então, ponho-me de pé e, automaticamente, coloco a primeira máscara do dia. Preparo tudo para garantir a ida dos meninos à escola, afinal, uma longa tarde de trabalho me aguarda, hora em que a segunda máscara entra em cena.
O que sobra no final do dia? O que há por detrás de todas essas máscaras diárias? Um corpo sem rosto? O que o reflexo do espelho me mostra? Existe algum momento do dia em que a verdadeira personagem mostra sua verdadeira face? Em que ocasião isto acontece? O que faz com que saia das sombras teatrais tão misteriosa figura?
Tantas perguntas já fiz, mas apenas uma resposta quero encontrar. Em que passo estou neste caminho rumo à descoberta de mim mesma? O que sei sobre esta pessoa que vejo quando as máscaras são removidas? É a pergunta de um milhão. Quero verdadeiramente saber se estarei segura quando quiser visitar o meu lugar de silêncio. Se posso conviver com o ser que lá existe. Se essa pessoa sabe qual o seu propósito. Se luta por ele de forma engajada ou se simplesmente batalha por ele no modo flow. É meu compromisso comigo mesma. Não abro mão dessa busca. Não é possível ser feliz sem esse tipo de conhecimento. Que meu despertador mental me desperte quanto às minhas demandas enquanto ser humano! Que tenhamos um lugar silencioso e que ele seja um lugar de paz!
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024