João Pessoa, 08 de setembro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O que não permanece, é exatamente o que permanece. A fotografia que ilustra a coluna deste domingo é de 1929, tirada no encontro de Solvey, em Bruxelas. Não é uma fotografia batida, mas estão aí Einstein, Curie, Schrödinger, Bohr, Heinsenberg e quase todos os gênios da Física e da Química, que o mundo geracional soube produzir, mudando para sempre o rumo da história, mas o mundo está cheio de imagens manipuladas e deep fakes, quando você não acredita nem vendo, é porque provavelmente não é para acreditar mesmo.
Estamos dentro dessa nova era da inteligência artificial, onde ferramentas de manipulação e criação de imagens estão cada vez mais populares. O Google anunciou o Reimagine do Pixel 9, onde é possível gerar imagens de alta fidelidade em menos de 10 segundos.
Algumas pessoas comentaram comigo o texto que publicamos no Jornal A União, sobre uma fotografia, de quando éramos meninos, eu e meus irmãos Roccos. Comecei a pensar no reconhecimento das imagens, do tempo de antes de eu nascer – do fundamento da realidade, os fios brancos nos meus cabelos e sobrancelhas, quando olhamos para os retratos antigos, e o que essas imagens podem nos favorecer.
Espantado fico eu com o acaso ou, se pensarmos que não há acasos, como queria Einstein, cheio das incertezas quânticas, espantados a bruta (de)organização do tempo, que nele se acumula, em faixas outras, estreitas, esmiuçadas, em vez de espalhados na luz purpura.
Sejam sempre as fotografias a ilustração de nossa história, de dispersar discretamente pelos vários ângulos e somos apenas capelas de um e de outro, existência que já se caminha para o fim, para que nunca exageramos ao dizer da genialidade de uma fotografia – claro que sim.
A importância da imagem, da acumulação de propósitos, sentimentos, bem-estar na hora de fazer a foto, uma alegria, quando somos maior que a luz que imaginamos na nossa imagem projetada, nunca iluminados.
Por vezes abrangendo espaços do pequeno mundo que nos permite, por exemplo, que um personagem do romance Civilização, de Gore Vidal (para dar um exemplo esteticamente neutro, mas totalmente eficaz nos seus propósitos), possa, possamos, entender as milhares de imagens, mundo afora.
O juiz Hermance Gomes, um homem reservado, repleto de sentimentalidades, me envia a imagem da “Onça Caetana”, feita pelo santeiro Bento de Sumé, cuja arte está em viagem pelo mundo, mas pra início de conversa não é reconhecido aqui na Paraíba – bobagem, meu caro magistrado, o importante já não é mais que nossa emoção sobreviva.
Mas por que mudar o assunto ao invés de conversar no tempo de uma única vida com Sócrates, Zoroastro, Buda, Lao-Tse e Confúcio no tempo, deixado par a trás, mortos e sofríveis, os esforçados e os que chegaram lá.
É assim o segredo da fotografia, de constelações, sem falsos ajustamentos, os filtros da modernidade.
Não sei porque estou escrevendo esse texto, talvez por falta de um tema e não raramente vejo numa saturação, igual àquela que nos olha dentro da fotografia collab no Instagram
Digam-nos (mudando para a literatura), onde foi parar Teresa Batista Cansada de Guerra e aqueles meninos sonhadores do mar, os capitães de Jorge Amado. Será que os jovens vão gostar de ler o autor de O País do Carnaval?
Vi uma a imagem congelada do presidente Lula que em sua passagem pela Paraíba, disse que “não somos um país que tem complexo de vira-lata”
Onde está o milagre? Onde está a verdade?
Kapetadas
1 – Que eu tenho que viver, e não somente sobreviver.
2 – Bloquear é inteligente. Não desbloquear é sábio.
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OPINIÃO - 22/11/2024