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Entrevista: baterista de Paralamas do Sucesso reúne histórias da banda em livro

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publicado em 14/09/2024 ás 11h19
atualizado em 14/09/2024 ás 13h48

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

Fotos Marcio Farias

O Sucesso do Paralamas, que despontou em 1982 quando a fita demo com a canção “Vital e sua Moto” (composta em homenagem ao baterista furão) emplacou, está no livro de autoria do baterista João Barone, que acaba de lançar “1,2,3,4! Contando o tempo com Os Paralamas do Sucesso“ com todas as lembranças aguçadas, num espaço literário de quem viu o surgimento da banda e está na banda desde o início na trajetória da banda.

O livro de Barone é mais amplo e mostra o retrato da infância simples e o fascínio pela bateria e, claro, focado nos primeiros passos ao lado de Herbert Vianna e de Bi Ribeiro, início dos anos 80, antes da fama: os ensaios na casa da Vovó Ondina, as tardes com os amigos na Praia de Ipanema, a gravação da demo que virou sensação na Rádio Fluminense FM, está tudo lá.

Os Paralamas do Sucesso

Centenas de histórias, fotos de divulgação e inéditas além de uma imagem considerada como o primeiro registro 1,2,3,4! Contando o tempo com Os Paralamas do Sucesso, com selo da Editora Máquina de Livros, 416 páginas,2024 com foto de capa de Maurício Valladares),prefácio do jornalista, cineasta e produtor José Emilio Rondeau e a orelha escrita pela jornalista Elisabete Pacheco.

É quase um romance. A história vem numa noite de outubro de 1981, João Barone que emprestou sua precária bateria para uma banda de nome engraçado fazer sua primeira apresentação, na Universidade Rural, na Zona Oeste do Rio. “Tinha conhecido a rapaziada do grupo horas antes”, lembra ele.

Faltando poucos minutos para o show, o baterista não apareceu. Coube a ele assumir as baquetas. Mais de quatro décadas depois, a história consagradora dos Paralamas do Sucesso é narrada por alguém que jamais perdeu um show da banda: justamente João Barone.

Tem tanta coisa no livro, que só vendo, só lendo.

Em entrevista ao MaisPB, Barone fala da construção do livro, muitas batidas, muitos sons, avanços de uma banda. que está de pé e seguirá assim.

MaisPB – Tanto tempo junto, na estrada, mil histórias, canções, alegrias e baques, agora chega “1,2,3,4! Contando o tempo com Os Paralamas do Sucesso” (Máquina de Livros) Vamos começar por aqui?

JOÃO BARONE – São muitas batidas que ainda ecoam, o livro conta muitas delas… vamos lá: 1,2,3,4…

João Barone na adolescência

MaisPB – Vamos voltar no tempo – Você chegou perto do Paralamas em setembro 1982, num show em Seropédica (Seropédica é um dos 13 municípios da Baixada Fluminense) no estado do Rio de Janeiro e ai rolaram os primeiros shows. Seu livro começou ali e traz fotos dos Paralamas no palco, numa casa punk no Méier. Como você conseguiu essas imagens?

JOÃO BARONE – Foi acidentalmente, já que estavam no acervo de imagens do Circo Voador. Uma plataforma tinha estas fotos por causa de uma pesquisa que fizeram para um programa sobre a banda. Fiz questão de ir atrás delas para que entrassem no livro. São os poucos registros que temos daqueles tempos, antes do contrato com a gravadora.

MaisPB – Vamos pensar que o livro não é biográfico e não é mesmo. Mas conta quatro décadas de estrada e você que veio da região rural, foi hóspede de BI – vamos lembrar isso para os leitores?

JOÃO BARONE – Bem, acho melhor lerem o livro, né? São muitas histórias das tantas outras que ficaram de fora, passam por um canal bem sentimental, desde antes da banda até as voltas ao redor do mundo que já demos, ainda tem muita história…

MaisPB – Vocês abriram o show do Lulu Santos no Circo Voador em 1983 e depois emplacaram o demo de Vital e disparou, digo virilizou geral, né?

JOÃO BARONE – Foi ao contrário, fizemos o show com Lulu por conta de Vital estar muito pedida na rádio Fluminense. Depois do show, falaram bem da gente nos jornais e as gravadoras começaram a nos procurar, daí escolhemos assinar o contrato com a Odeon, foi assim.

MaisPB – Tá lá no livro, mas conta pra gente da canção “Óculos”, “Alagados”, “Melô do marinheiro”, “Uma brasileira” escambau?

JOÃO BARONE – Aqui não vai caber! No livro eu relato como era a nossa rotina criativa e o processo de gravação de cada disco até o ano 2000. Mas são lembranças bem sentimentais, não é um diário de bordo.

MaisPB -Os três sempre foram talentosos e deve ter rolado muito delírio no início das turnês. Conta ai pelo menos um episódio?

JOÃO BARONE – Delírio nunca, mas muita empolgação. A gente sempre quis oportunidade para mostrar nossa música, poder tocar, gravar, o resto (ir morar sozinho, ter independência financeira) veio em decorrência disso.

Barone e Herbert no The Revolver Club, em Madri

MaisPB – O acidente de ultraleve de Herbert há 23 anos mexeu com o país, os fãs e a própria estrutura da banda. Como foi esse período do coma do HV?

JOÃO BARONE – O acidente foi uma tragédia, triste, angustiante, tentei passar o meu relato do que sofri e testemunhei, incluindo o verdadeiro milagre que foi a recuperação do Herbert. Espero ter conseguido…

MaisPB – E o retorno aos shows, me parece que começou aqui em João Pessoa, né?

JOÃO BARONE – Sim, o primeiro show do Herbert depois do acidente foi em sua terra natal, emocionante, um verdadeiro renascimento.

MaisPB – Tá lá no livro as brigas de Lobão com Herbert, mas hoje em dia Lobão está de boa com o céu e a terra, nada melhor do que o amadurecimento, né?

JOÃO BARONE – Bem, eu conto o que eu sentia com aquele clima, achei que seria válido, não é fofoquinha nem estou tomando partido, quem ler vai entender tudo. Realmente, o tempo põe tudo no lugar.

MaisPB – E ai, vai lançar o livro no Nordeste, aqui em João Pessoa?

JOÃO BARONE – Estou prevendo aproveitar a agenda de shows para casar o lançamento do livro por onde eu for passando, só precisa ter uma livraria na cidade, espero conseguir, é muito legal esse contato com o público.

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