A poesia não é um ato de vontade. Não é sentar e dizer: “Agora, vou escrever um poema”. Ela surge de um lugar bem mais profundo, de um estado de espanto, surpresa, algo totalmente inesperado. É a vida que nos coloca nesse estado especial, que nos impulsiona a escrever. Um evento, uma percepção, algo que irrompe na nossa realidade e nos leva a criar. É nesse momento que as palavras fluem, que a poesia se torna possível.

Poesia é como uma música que ecoa dentro de nós, uma melodia que se revela nas pequenas coisas do cotidiano. Às vezes, basta um olhar, um gesto ou uma lembrança para desencadear essa sinfonia interna. É o perfume das flores em um dia ensolarado ou o som da chuva batendo na janela que nos inspira a expressar o inefável. Cada verso é uma tentativa de capturar essa essência fugidia da vida.

É um processo espontâneo, que brota da própria essência da vida e não de uma decisão consciente. Não é algo planejado ou calculado; é divino, orgânico, natural. A poesia acontece conosco e por meio de nós. É como se as palavras estivessem à espreita, nas sombras da nossa mente, prontas para saltar ao nosso encontro quando menos esperamos.

Nesse emaranhado de emoções e experiências humanas, a poesia se torna o nosso refúgio e a nossa arma. Ela nos permite gritar em silêncio nossas angústias e celebrar nossas alegrias. Cada poema é um espelho que reflete não apenas o mundo exterior, mas também as paisagens interiores que habitam nosso ser.

Acredito firmemente que a poesia não deve ser vista como algo banal ou trivial. Ela carrega consigo o peso das nossas histórias, dos nossos sonhos e das nossas dores. Através dela, encontramos conexão com o outro e com nós mesmos. É uma linguagem universal que transcende culturas e gerações.

Assim, ao escrever, busco não apenas comunicar ideias, mas tocar corações. Quero que cada palavra ressoe na alma do leitor como um eco de suas próprias vivências. Porque a poesia é isso: uma ponte entre seres humanos, um convite ao diálogo silencioso entre nossas verdades mais profundas.

E assim sigo escrevendo, sempre à procura dessas verdades ocultas nas entrelinhas da vida. A poesia será sempre a voz do meu ser mais profundo.