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Kubitschek Pinheiro
Já está nas plataformas digitais o novo single, “Nossa Parceria” uma canção que nasceu de uma letra do artista paraibano Jarbas Mariz, musicada por Laura Finocchiaro. A letra foi enviada para Laura num bilhetinho durante a pandemia da Covid-19, que foi resgatada no fim de 2023 e, com a colaboração de Jarbas e Daniel Maia, a artista criou a faixa em seu home studio, misturando influências do Sul e do Nordeste do Brasil, em uma sonoridade que remete à World Music.
Esse single marca o início de uma nova fase na trajetória artística de Laura Finocchiaro que é cantora, compositora, multi-instrumentista, arranjadora e produtora.
A canção é uma prévia do relançamento do álbum “Ecoglitter” de Laura Finocchiaro de 1998, que está disponível digitalmente, pela primeira junto do lançamento de “Nossa Parceria”. Agora, uma nova geração de ouvintes poderá descobrir esse trabalho que marcou o início de sua fase mais experimental da artista gaúcha.
Jarbas Mariz há anos em São Paulo, tem dez discos gravados, a obra disponibilizada no Spotify, seu canal no YouTuber Jarbas Mariz Oficial. Em São Paulo trabalhou 32 anos com Tom Zé, tendo viajado esse mundo todo, como, Canadá, Estados Unidos, Europa, chegamos até o Japão. Passei 32 anos com Tom Zé, depois eu pedi para sair da banda, agora em 2022, para retomar o meu trabalho autoral. Tem música sua gravada pop Marinês, Gilberto Gil, Chico César e Zé Ramalho.
O MaisPB conversou com os dois artistas sobre o single, projetos futuros, ela relança o álbum “Ecoglitter” de 1998 e Jarbas fala de experiências e lamenta a morte do jornalista Carlos Aranha entre outras sonoridades
MaisPB – Esse single que a Laura está cantando “Nossa Parceria”, é outra faceta do Jarbas Mariz, né?
Jarbas Mariz – Eu tive o privilégio de Laurinha fazer esse arranjo, essa melodia maravilhosa. Foi uma letra que eu tinha prometido que eu ia escrever pra ela. E escrevi assim, num papel, com muito carinho e retratando do jeito que ela é, do jeito que ela se comporta. A batalha, aquela que ela tem como mulher, como musicista. Ela é fantástica. Eu escrevi isso aí pra ela e ficou um tempo guardado. E depois ela colocou essa, maravilhosa base aí. A gente ainda colaborou eu e Daniel Maia colocamos umas percussões. Daniel fez umas guitarras só para contribuir com o trabalho. O resultado foi isso aí. Acho maravilhoso, essa mistura, né? Porque eu gosto de compor, compor o rock, gosto de compor xote, gosto de compor tudo. É a primeira vez que eu faço um trabalho assim, com novinho assim, um world music, uma música diferente, com uma levada diferente e maravilhosa. Estou muito orgulhoso desse trabalho que a gente fez.
MaisPB – Me parece que você fala no final da canção, estou certo?
Jarbas Mariz – – No final da canção eu falo alguma coisa e faço uns beat bop, uns umas percussões vocais no final da música.
MaisPB – Essa parceria pode se estender para outras canções?
Jarbas Mariz – Assim espero. Assim espero fazer outras canções com Laurinha. Foi a nossa primeira parceria. Como diz a música, “Nossa Parceria”, e que vão surgir outras, com certeza.
MaisPB – Quando teremos um disco solo de Jarbas Mariz?
Jarbas Mariz – Eu já tenho dez discos gravados. Lancei o mais recente, “A vida insiste em brotar”, um álbum duplo que eu fiz, foram tantas músicas que compus na época da pandemia, e resolvi fazer um álbum duplo. Então, eu tenho dez discos gravados, e músicas com vários parceiros. A Laurinha é a minha mais recente parceira, minha querida.
MaisPB – Você soube que o jornalista Carlos Aranha morreu, né – poderia falar sobre isso?
Jarbas Mariz – Eu fiquei muito triste com a com a morte do Aranha. Tenho muita história com ele desde a década de 70, quando eu tinha um conjunto “Os Selenitas”, em João Pessoa Os festivais que Aranha produzia, a gente sempre estava acompanhando e ele também participando com a música, “Ivone Pelo Telefone”, não lembro se ele ganhou esse festival. Estou lembrado se ele ganhou ou não, mas essa música eu lembro do Festival do Axé, que ele ganhou. Foi a Glorinha Gadelha com a música, “Gosto de Psicanálise”.
MaisPB – Muitas histórias com Aranha, né?
Jarbas Mariz – Eu toquei no palco do Teatro Santa Rosa no dia do casamento do Aranha, eu estava tocando bongô, ele no violão e a cerimônia acontecendo. Muita história com o Carlos Aranha, uma grande figura, sempre me tratou bem, sempre tive muita admiração como jornalista, como compositor, como criador de vários movimentos culturais em João Pessoa. A gente perdeu uma grande figura, ou seja, a Paraíba perdeu uma grande pessoa.
MaisPB – Você tem parcerias com Chico César…
Jarbas Mariz – Eu tenho parceria com o Chico César desde que cheguei aqui em São Paulo, 1988. Chico já morava aqui. A primeira parceria que a gente chama se “Carinho Carimbó”, que ele gravou no disco ‘Beleza Mano’ e eu gravei no meu disco, “Vamos Lá Pra Casa”, meu terceiro álbum. Depois a gente fez uma outra canção, chamada “Fulutiado”, que eu gravei no meu disco e Marinês gravou com Chico participando. Eu tenho várias parcerias com Chico César e a mais recente “Lua Mulher”, que tá no meu oitavo disco chamado ‘Jarbas Mariz’, com a participação de Zé Ramalho e de Chico César. “Lua Mulher”, vamos dizer assim está bombando no Spotify com quase 200.000 visualizações. Aqui em São Paulo, o ano passado, a gente fez quatro shows aqui em São Paulo, pela periferia, eu e ele. E ele é um cara da Paraíba, que a gente sempre está se comunicando. É um grande parceiro, um grande amigo.
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Laura Finocchiaro
MaisPB – Esse single tem o ritmo da letra, a parceria da gente com no tempo, a correria. Vamos começar por aqui?
Laura Finocchiaro – Sim! O single segue o ritmo da vida, um ritmo frenético! É uma música fora da curva, uma música realmente que nasceu do meu coração inspirada por esse bilhetinho tão caloroso que eu recebi do nosso talentoso Jarbas Mariz em plena pandemia… Então, realmente é uma música fora da curva… Muito feliz com a parceria!
MaisPB- Primeiro conta pra gente como você conheceu o músico paraibano, Jarbas Mariz, um cara super talentoso?
Laura Finocchiaro – Eu conheci o Jarbas aqui em São Paulo. Eu sou de Porto Alegre, mas com 20 anos eu vim pra São Paulo fazer um show no teatro Lira Paulistana. Era 1983. E daí ao longo desse tempo que eu já tô aqui – fazem mais de 4 décadas né ? Nesse tempo eu acabei conhecendo o som de Jarbas Mariz e a gente se conectou na real quando eu fui diretora musical do primeiro reality show do Brasil que é a casa dos artistas na emissora SBT eu fui a responsável, a diretora e produtora musical que montou o workflow do reality show no Brasil – o que muito me honra – eu fiquei 8 anos trabalhando pro Silvio Santos – e nessa história de produzir e fazer os reality shows eu conheci muita música brasileira entre essas chegou na minha mão um disco genial de Jarbas Mariz tinha e eu toquei nesses programa… e eu acho que isso nos conectou… depois de um tempo ele me colocou pra participar dando oficinas na fábrica de cultura que ele era diretor aqui em São Paulo, um espaço cultural muito importante… Também me programou nessa fábrica de cultura para fazer um show então a gente ficou conectados pela música mesmo e quando chegou a pandemia aí sim, naquela carência que todos nós ficamos, aquela solidão, aquele medo, aquele vazio… Ele me mandou esse bilhetinho que aqueceu meu coração na hora e eu guardei e o ano passado, em 2023 eu reencontrei o bilhetinho e daí então musiquei e assim nasceu a nossa parceria!
MaisPB – Na verdade a palavra Parceria na canção aparece bem ampla, né?
Laura Finocchiaro. – Sim a palavra parceria é fundamental nessa composição foi a composição a canção à música né a harmonia nasceu dessa parceria inspirada nessa letra que o Jarbas me escreveu e esse espírito de parceria de amizade foi o que me impulsionou a compor a canção e a melodia e fazer esse arranjo e tudo mais eu como mulher tenho o desafio ao longo Um desses 43 anos de carreira de provar a capacidade feminina pra música pra produzir pra tocar pra arranjar e eu me senti muito respeitada pelo Jarbas que é um homem e que foi muito gentil e confiou na minha capacidade eu produzi toda música eu gravei eu fiz toda produção eu trabalho de forma eletrônica né dentro do meu estúdio eu tenho um estúdio uma produtora que se chama sorte produções e nela que eu produzo as coisas as trilhas as músicas que eu faço os discos que eu lanço E o Jarbas me respeitou muito então ele foi um grande parceiro e é a descoberta em pleno caos nesse mundo que a gente vive repleto de egoísmo que que eu enfatizo e sublime a necessidade da gente aprender a viver ícone conexão em comunidade somando forças em parceria na base da amizade isso é o mais importante é o que eu descobri ao longo desses 43 anos de carreira musical!
MaisPB – Vamos falar do “Ecoglitter” de 1998 – está fora do catálogo?
Laura Finocchiaro. – Sim eco glitter está fora das redes virtuais foi o meu primeiro CD lançado em 1998 fruto de uma grande batalha porque naquela época gravar era muito difícil ainda a gente não tinha toda a tecnologia que a gente dispõe hoje e que possibilita que eu como artista independente hoje possa produzir um disco claro que ele vai ser eletrônico mas dentro da minha casa eu posso fazer isso naquela época eu nem tinha um equipamento e a tecnologia recém estava despontando… essa tecnologia que permite que a gente possa produzir em casa… então ele é resultado de uma luta grande e ele é pioneiro ele mostra musicalmente a mistura da linguagem eletrônica da música de pista, da influência que eu tinha da música de pista, das festas que eu frequentava com a comunidade LGBT. Então eu tinha essa influência musical e mais a influência da MPB que foi o que eu estudei desde 9 anos de idade… então o conhecimento da música brasileira… e eu misturei isso nesse disco e também criei novas sonoridades com essa linguagem da música eletrônica então é um disco muito pioneiro e que eu lancei em 98 de forma física… e o ano que vem, faz parte dos meus planos e de meu selo e editora – Sorte Produçôes – colocar na roda esse disco, de forma virtual. “ecoglitter” é uma palavra que eu inventei porque naquela ocasião, ainda nos anos 90, eu já tinha a percepção de que a gente teria que vir a aprender a conviver, a harmonizar a ecologia, a vida da natureza, a nossa natureza pura, com o mundo glitter com a vida urbana, com esse mundo artificial… então isso significa “ecoglitter” a intenção de se viver e de harmonizar o artificial com o natural, o glitter com a natureza, o urbano com a natureza e eu já previa que a gente ia cair num caos ambiental que a gente vive hoje. Eu queria alertar. Eu já tinha a consciência de que é necessário aprender a harmonizar as forças da natureza com a nossa artificialidade…
MaisPB – E a TV Colosso, programa infantil da TV Globo que está sendo reprisado no Canal Viva e pode ser visto também no Globoplay. É sua a trilha sonora do programa estrelado pela carismática sheepdog Priscila, que estourou hits “Malabi”, “Pulgas” e “Hot-dog”. Bora falar sobre isso?
MaisPB – Outra coisa legal, é o resgate da música “Tudo é amor”, sua e de Cazuza, faixa do álbum “Burguesia”, que está sendo relançado pela gravadora Universal. A música também foi regravada pelo artista pernambucano Almério em 2021…. vamos falar desse resgate?
Laura Finocchiaro – Nossa isso foi tão lindo eu Cazuza cantando no final dos anos 80 num espaço bem underground que se chamava Madame Satã em São Paulo. Naquele momento ele demonstrou um grande apreço pelo meu trabalho, pelas minhas músicas a forma que eu fazia o som e ele me pediu uma parceria, falou nós temos que fazer uma música junto e me dê um abraço É foi tão forte eu nem acreditei que ele tivesse me pedindo uma parceria tanto é que eu não fiz, mas quando Cazuza foi pro hospital no finaldos anos 80 e gravando Burguesia eu recebi um telefonema de uma produtora dele Laura, me pedindo a música que iria ele gravar e aí sim eu compus a canção à parte harmônica e a melodia de tudo gravei num cassete mandei e Cazuza gravou
MaisPB – E a participação de Ney Matogrosso?
Laura Finocchiaro – Para completar a felicidade, esse passaporte que me garante dentro da música brasileira, esse prestígio, o Ney Matogrosso gravou essa composição também nos anos 80 num LP dele e recentemente o Almério, não gravou a música na verdade ele deu o nome do título do álbum dele em que homenageia Cazuza com esse título “Tudo é amor” que é essa nossa parceria minha com o Cazuza
TURISMO - 19/12/2024