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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

“Puta autobiografia”

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publicado em 13/12/2024 ás 07h00
atualizado em 12/12/2024 ás 21h07

Meu próximo livro, “O sibite baleado”, é ambientado no sertão da Paraíba, em 1932. Há uma cena em que o pai expulsa a filha de casa porque a moça apareceu com um barrigão daqueles. Isto veio a calhar com uma reportagem que vi semana passada.

“Puta Autobiografia” é o nome do livro autobiográfico de Lourdes Barreto. Brejeira, paraibana, ex puta, líder do movimento de prostitutas no Brasil. Os extremistas de direita, hipócritas como são, torcem a cara. Eles preferem as putas submissas ao macho, exploradas e humilhadas.

Eu me arrepio inteiro com a vida dessas heroínas que, um dia, ninguém deram nada por elas, mas, como gigantes, alçaram voo para dignificar a humanidade na construção da civilização. Defesa da liberdade sexual, prevenção à Aids, postura de enfrentamento à exploração sexual, sobretudo de crianças e adolescentes.

Bravíssimo. Hoje, uma das 100 mulheres mais influentes no mundo, assim eleita pela BBC. Claro que rendo homenagem às outras brasileiras também escolhidas: a bióloga Silvana Santos e a ginasta Rebeca Andrade, magnificas em suas respectivas áreas de atuação.

Nada contra as duas, muito pelo contrário. Orgulho imenso, respeito extremo, história de luta, determinação e resiliência, exemplo a ser seguido. Cada uma delas precisa de uma homenagem especial, mas no livro “O sibito baleado” não há personagem que seja ginástica ou bióloga, embora, sem relação com a Biologia, a sibita Ribeirão costume prescrever chá de bosta de cachorro para as ressacas da passarinhada, quando exagera tomando mijo de lagartixa marinado por noventa dias.

Assim, hoje, é dia de puta. Velha e linda. Todas as homenagens para você, Lourdes Barreto.

Estuprada aos 14 anos por um tio; expulsa de casa, por homens e mulheres ditos de bem, com o beneplácito das famílias religiosas. Só Deus e ela sabem as agruras por quais passou.

Lourdes já merecia a homenagem apenas por ter sido uma das responsáveis pela instituição do Puta Day, o dia Internacional da Prostituta, mas ela foi além:  fundou a Rede Brasileira de Prostitutas em 1987, criou o Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará, que combate o preconceito e valoriza a identidade das trabalhadoras sexuais e uma a ativista dos direitos humanos.

Lourdes Barreto é uma grande brasileira.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB