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Ana Karla Lucena  é bacharela em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Servidora Pública no Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. Mãe. Mulher. Observadora da vida.

Chegando o verão

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publicado em 16/12/2024 ás 07h13

Ah… os nossos verões e feriados antes de tudo acontecer… a verdade é que nunca demos o devido valor, somos assim, não é? A velha máxima: “só valorizamos depois que perdemos”. Hoje, olhando do ângulo de quem perdeu, percebo que reclamei muito de coisas pelas quais deveria ter agradecido. Acho que era grata, até certo ponto. Mas, como nunca estamos satisfeitos com o que temos… enfim.

Procuro fugir das lembranças, às vezes. Fotografias que deveriam me fazer bem, evito-as. Talvez isso um dia passe e eu comece a procurar por elas pra matar a saudade. Por hora, fujo. Mas essas benditas redes sociais insistem em nos fazer lembrar dos eventos que postamos em anos passados. E foi uma dessas postagens antigas, relembradas à minha revelia, que me fez escrever agora o que pode parecer um lamento. Talvez seja. É. Mas não de todo triste. Quem sabe nostálgico?

Ela adorava passear. Se fosse praia, então… dificilmente entrava na água. Mas adorava ficar sentada, vendo os netos brincarem na areia. E não tirava os olhos de nenhum deles. Se algum se atrevia a ir mais fundo no mar, ela logo soltava: esse menino tá longe demais… chama ele pra mais perto! À noite, dar uma volta pela orla era obrigatório. Uma pizza, um sorvete talvez… ah… nossas viagens…

Banho de piscina. Amava! Parecia uma criança. Lembro-me que eu adorava ver a satisfação no rosto dela. Todos nós adorávamos. Muitas dessas viagens eram feitas por causa dela. Pra vê-la feliz. E como valia a pena! Os meninos adoravam a piscina com a vovó, que parecia se divertir mais do que eles. Gostaria que eles tivessem tido a oportunidade de passar mais verões com ela. Primaveras, invernos… sim, ela sabia como nos aquecer no inverno.

Eu tinha um plano. E ele incluía cuidar dela e tentar vê-la feliz o máximo de anos que a nós fosse permitido. Ver o neto, que dizia querer ser médico para cuidar da avó, finalmente cumprir a palavra. Queria ter visto. Ah… esses planos que falham…

Este não é um texto que combina com as cores do verão. Até escolhi uma ilustração mais colorida pra amenizar o peso das palavras. Mas é que o meu verão mudou de cor. Aliás, a vida mudou de cor. A Terra mudou de eixo. O chão sob os pés escafedeu-se. A distopia. O colorido pode voltar algum dia. Os verões podem voltar a ter a mesma importância e significado. Mas nunca mais serão como eram os nossos verões com ela. Ah… os nossos verões com ela…!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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