João Pessoa, 19 de janeiro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Nunca sabemos por completo de nós mesmos. Não sei quantas faces carrego. A cada instante, sou uma nova mulher e continuamente me surpreendo. Nunca me reconheci, mas sei do meu oficio. De tanto existir, me multiplico. Quem não se conhece, não encontra a paz. Quem observa é apenas o que se apresenta, quem sente, quem se acha é o que parece.
Atento ao que sou e ao que percebo, torno-me múltipla e não sou única. Cada sonho ou anseio que brota em mim pertence a algo maior, algo que não é meu. Estou de passagem e sou a paisagem em transformação; assisto ao meu próprio desenrolar, diversa, móvel ou solitária. Não sei como me situar entre tantos espaços.
Por isso, eu sigo, vou virando páginas. O futuro é incerto, o passado se dissolve na memória. Vejo à margem do que escrevi o que pensei ter sentido. Releio e pergunto: “Fui eu mesma?” O universo sabe a resposta, pois sempre foi Deus quem traçou nossa vida.
Assim sigo, navegando entre as incertezas da identidade, como um viajante sem destino fixo. Cada experiência é uma novidade que se sobrepõe à anterior, criando um mosaico de emoções e reflexões. As vozes internas revelam nuances, murmurios que não compreendo totalmente, mas que me guiam na estrada.
Sou um labirinto de pensamentos e sentimentos, onde cada esquina traz a descoberta. Às vezes me perco nas sombras do que fui; outras vezes, encontro luz nas possibilidades do que posso ser. E assim continuo a caminhar, com a certeza de que a beleza está na fluidez da vida e na multiplicidade do ser.
Quem sou eu? Uma pergunta sem resposta, mas cheia de possibilidades. Sou o sol, sou a lua. E talvez essa seja a verdadeira essência da existência: abraçar a (in)certeza e dançar em busca de um sentido maior, o sentido de estarmos aqui.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
novo protesto - 16/01/2025