João Pessoa, 28 de janeiro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A noite chegou, e mais uma vez as palavras ficaram presas na garganta. Eu poderia ter expressado tudo que estava entalado dentro de mim, mas optei por me esconder atrás de sorrisos tímidos e frases curtas que não revelam a profundidade da minha alma.
A noite chegou, e eu não consegui aproveitar as oportunidades que a vida me ofereceu para me fazer ouvir. O esforço foi escasso e as chances de um diálogo verdadeiro se esvaíram como areia entre os dedos. Preferi o silêncio confortável à vulnerabilidade de me expor. E assim, o tempo passou, levando consigo mais um momento que poderia ter sido significativo.
A noite chegou, e talvez apenas as estrelas, que brilham no céu escuro, saibam do desejo profundo que carrego: o desejo de ir além das aparências, de romper as barreiras que eu mesma construí ao longo do caminho. Sei que seria muito mais feliz se tivesse coragem suficiente para mergulhar em conversas sinceras e autênticas.
A noite chegou, e a brisa suave parece sussurrar segredos que nunca compartilhei. Enquanto a lua observa silenciosa, percebo que o medo do julgamento e da rejeição me impede de ser quem realmente sou. É um ciclo vicioso: quanto mais me fecho, mais solidão sinto; quanto mais solidão sinto, mais me fecho.
A noite chegou, e eu olho para o céu estrelado buscando respostas para perguntas que nunca fiz. O brilho das estrelas reflete a luz que existe em mim, uma luz que anseia por ser compartilhada. No entanto, a insegurança ainda sussurra em meus ouvidos: “E se não entenderem? E se não gostarem do que veem?”
A noite chegou, e enquanto os outros se entregam ao descanso, eu permaneço acordada em meio aos meus pensamentos tumultuados. A mente é um labirinto onde perco-me facilmente; cada esquina revela medos antigos e dúvidas persistentes. Anseio por um espaço seguro onde possa abrir meu coração sem receios.
A noite chegou, e no silêncio profundo da madrugada, percebo que a vida é feita de momentos efêmeros. Cada oportunidade perdida é como uma estrela cadente que desaparece antes mesmo de ser notada. E assim sigo vivendo entre sombras e luzes, hesitando entre o ser e o parecer.
A noite chegou novamente, mas hoje prometo a mim mesma buscar as palavras que ficaram engasgadas na minha garganta. Não posso mais permitir que o medo dite meu comportamento ou limite minha felicidade. É hora de arriscar um pouco mais e buscar conexões verdadeiras com aqueles ao meu redor.
A noite chegou, e com ela vem a esperança de um novo amanhecer. Amanhã será um dia diferente; amanhã vou tentar ir além do superficial. Vou permitir que minha voz ecoe com autenticidade e coragem, porque sei que há beleza nas vulnerabilidades e força nas verdades não ditas.
E assim sigo em frente, disposta a transformar cada noite em um novo amanhecer, numa oportunidade para crescer e aprender. Afinal, viver plenamente é abraçar tanto as luzes quanto as sombras. Cada dia, cada noite, sob a proteção do Divino
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ACORDO - 30/01/2025