João Pessoa, 29 de janeiro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Em um mundo onde as telas dominam o cotidiano, a conexão humana parece ter se perdido em meio a notificações e likes. Recentemente, estive no interior do sertão, minha cidade natal, e ao caminhar pela praça da cidade, não pude deixar de lembrar de como aquele espaço sempre foi um ponto de encontro vibrante. Antigamente, as conversas fluíam naturalmente, sem o anseio de estar olhando para telas. As risadas ressoavam entre os bancos de madeira, onde amigos se reuniam para contar histórias e compartilhar momentos.
Naquela época, a praça era um verdadeiro *centro vibrante* da comunidade. As pessoas se sentavam lado a lado, olhares nos olhos, trocando confidências e sorrisos. Não havia pressa; cada conversa era um convite para se aprofundar nas vivências do outro. O cheiro do café fresco se misturava ao som das vozes animadas, criando uma atmosfera acolhedora e cheia de vida.
Hoje, porém, tudo mudou. Ao olhar ao redor, percebo que muitos estão absortos em seus dispositivos móveis, perdendo-se em mundos digitais enquanto a vida real acontece ali, ao seu lado. As interações se tornaram superficiais, muitas vezes reduzidas a mensagens rápidas e emojis que não conseguem captar a essência do que realmente sentimos.
Aquela mesma praça agora parece mais vazia, mesmo quando cheia. As pessoas andam apressadas, os rostos fechados e os olhos fixos em suas telas. O que deveria ser um momento de troca genuína se transforma em uma competição por atenção, onde cada um busca ser ouvido sem realmente ouvir o outro.
As vozes que antes ressoavam com calor humano agora são abafadas pelo barulho das notificações. A empatia, que deveria ser a base das interações humanas, muitas vezes é sufocada pelo egoísmo e pela indiferença. Olhando para a cena atual, sinto falta da simplicidade daqueles encontros na praça — do calor das conversas cara a cara e da conexão verdadeira que faz parte da essência do ser humano.
No entanto, mesmo em meio a essa transformação digital, ainda há esperança. Em algumas iniciativas comunitárias surgem esforços para resgatar o valor das relações autênticas. Grupos se organizam para promover encontros reais, onde as pessoas podem se olhar nos olhos e compartilhar suas histórias sem filtros.
A sociedade atual é um conjunto de contradições: repleta de avanços tecnológicos que prometem facilitar nossas vidas, mas que também nos afastam do essencial. É um convite à reflexão sobre como podemos reverter essa tendência e redescobrir o poder da empatia e do diálogo verdadeiro.
Assim, enquanto continuamos navegando neste mar de informações rápidas e interações superficiais, é fundamental lembrar da importância de olhar além da tela. É preciso cultivar espaços onde as vozes possam ser ouvidas de forma genuína e onde as histórias possam ser compartilhadas com profundidade. Somente assim conseguiremos construir uma sociedade mais solidária e conectada não apenas virtualmente, mas também emocionalmente.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
ACORDO - 30/01/2025