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No dia 21 de dezembro de 2024, comemoramos os 80 anos de vida e 60 anos de carreira do amigo Chico Pereira, no Salão de Festas do Condomínio Alphaville Boi Só, bairro dos Estados. Uma jornada repleta de cores, formas e criações. Uma noite especial, onde arte e emoção se encontraram para brindar uma vida dedicada à beleza da expressão. Uma exposição das obras mais marcantes da sua trajetória, embelezou o ambiente.
A festa de Chico foi celebrada com muito esmero e carinho por seus familiares, com especial atenção da sua filha mais velha, Flora Agra, responsável pelo projeto geral criativo, ideias e layouts, onde pensou em tudo, nos mínimos detalhes, deixando a todos nós que participamos do evento maravilhados pelo clima instalado que dava a sensação de alegria e felicidade. Constatava-se que ali estava presente um grupo seleto dos verdadeiros amigos, nos quais eu e Itapuan Bôtto Targino nos incluímos, o que nos causou satisfação e envaidecimento pela deferência do anfitrião conosco.
Como descortinar o acontecimento? Primeiro o local se prestou muito bem para seu propósito. Na sala de recepção fomos surpreendidos com mensagens de pessoas queridas que fizeram e fazem parte da vida do aniversariante, abordando situações e fatos da convivência. Sua imagem ia sendo construída como uma figura multifacetada, singela e querida por todos que o conhecem. Estes escritos, pendurados em fitas e balões com gás hélio, formavam a decoração de Victor Buriti, que a construiu extremamente personalizada, inédita, ao mesmo tempo criativa e moderna. Expuseram Chico como pai, profissional, artista, amigo e professor, numa representação social transparente em painel coletivo descrevendo quem é o homem, Chico, seu status e a sua performance. Completando, na entrada vimos uma faixa de adorno com um texto por ele escrito, que expressa o seu pensamento e o sentimento singular e único, que só é emitido por pessoa comprometida com a arte e o amor. Nessa direção, minha cunhada, Janete Lins, conversando, falou o que traduz esse momento:” Para Chico a arte é necessária para entender o mundo”. Descreve o seu pensamento de forma despojada, expressando o que vem do âmago e da profundidade de sua alma, fazendo-nos conhecer um pouco mais de seu íntimo.
“A Arte é a tentativa de representar e tentar explicar tudo que imaginamos e sentimos entre a dor e o prazer.
Realidades e abstrações que ajudam entender a vida, aperfeiçoar o espirito e a inteligência.
É uma invenção permanente construindo nossa humanidade, tentando retornar ao paraíso perdido
Diferente da Ciência que busca desvendar a natureza, a arte insere nossa personalidade no caos.
Uma manifestação sem utilidade prática, mas sem ela não seriamos humanos “.
Estas palavras saídas de Chico soam como uma forma de apresentação.
Suas obras de arte estavam espalhadas no salão com o glamour das grandes galerias, fazendo parte da ornamentação. A sua distribuição no ambiente foi caracterizada pelo bom gosto e com as peculiaridades escolhidas de maneira que transparecia um cenário personalizado, pintando a figura do aniversariante.
O serviço de buffet, servido pela “Classe A”, merece destaque, com mesas de frios e de pratos quentes, o melhor da culinária paraibana, nacional e internacional, seguido de ilhas de drinks com Bar man. Bebida para todos os gostos, vinhos da melhor qualidade.
A festa também contou com o conjunto “Kalm Jazz”, onde desponta a “crooner” Vanessa Figueiredo, de voz maviosa, suave e sentimental, cantando vários gêneros musicais, de preferência os mais modernos. Vocalista que encantou a todos, oferecendo fundo musical a altura do encontro.
Durante a celebração foi distribuída com os presentes a plaquete intitulada “Homenagem a CHICO PEREIRA – 80 anos de vida e 60 anos de carreira”, biografia contendo o depoimento de 44 pessoas, companheiros de trabalho, familiares e amigos com quem manteve relacionamento. Todos nesse opúsculo tiveram uma história para contar. São fatos que marcaram a convivência entre eles. Rui Dantas citou uma frase de Zila Mamede. “Tudo que amei permanece em mim”. Seus parentes relataram episódios ocorridos em família que guardam na memória tanto nas fases de criança e adolescente, quanto na fase de adulto. Nas recordações de sua irmã Valdélia, ela diz: “ A mãe D. Mira soltava a voz para os filhos : “Vai estudar pra ser gente!” e acrescenta: “Penso mesmo é que passaram “açúcar” nesse menino, pois se a mãe chaleirava, muito mais faziam as freiras da Escola São Vicente de Paula, entre elas, irmã Josefa, com chapelão na cabeça, dando ordens: Ora, Francisquinho pra cá, ora Francisquinho pra lá! E ainda diz: “Um dia, são risos e outros, com lágrimas; quando o papai partiu numa noite de São João, no ano de 1961, mamãe e você, sendo o homem da casa, passou a cuidar da gente.” E outros que revelam a figura de Chico na intimidade da família e a influência que teve em suas vidas. Os filhos atestam que foi e é um pai extremoso, dedicado e sempre presente e que são reconhecidos, gratos pelos ensinamentos, pelo exemplo e a sabedoria neles implantada.
Os amigos recordam seus encontros na mesa de bar, conversas infindas varando a noite onde traçavam e construíam sonhos e planejamentos, juntos, vislumbrando serem realizados e que alimentavam o caminhar e a alegria dando incentivo ao viver. Aqueles que foram companheiros de trabalho e da labuta em prol do ideal, expressam a satisfação de tê-lo junto de si e contar com sua ajuda, sempre disposto a compartilhar sua sabedoria e contar com sua disponibilidade o que lhe davam prazer e satisfação. Mirabeau Dias, referindo-se a Chico, expressa: “Chico irradia nos seus trabalhos a beleza das tessituras da natureza. Sua arte tem esplendor, tem mística e significância”. João Azevedo Lins Filho, governador da Paraíba, referindo-se a ele, relata: “Artista plástico, escritor, desenhista, pesquisador e, com todos os méritos, verdadeiro professor de História, de vida e da arte.”
O Jornal “A União”, em dezembro de 2024, no encarte do “Correio Das Artes”, prestou uma homenagem significativa a Chico Pereira e seus 80 anos, enaltecendo-o como artista plástico, escritor, professor, gestor cultural e divulgador da arte no Estado da Paraíba.
A frase de Ana Flora Agra, é a síntese de tudo. “Chico, meu pai, é IMENSO! Aqui não cabe”
Chico nasceu em Campina Grande no dia 22 de dezembro de 1944. Sempre foi dedicado à arte e à cultura. Possui diversos trabalhos em telas, quadros murais, trabalhos esculturais, entre outros. Do seu vastíssimo “Curriculum Vitae”, construído no seu caminhar, destacamos: O livro “Paraíba Memória Cultural“, obra de referência primária para pesquisadores interessados na área da história e da arte na Paraíba. Professor da UFPB do Departamento de Artes Plásticas e da História da Arte, hoje aposentado. Por mérito, adentrou na Academia Paraibana de Letras – APL, tornando-se imortal. Trabalhou em vários órgãos públicos ligados à cultura e à arte, dentre eles, o Museu de Artes Assis Chateaubriand em Campina Grande. Foi Secretário Adjunto de Cultura da Paraíba no governo de José Maranhão. Pertenceu ao Conselho Estadual de Cultura, sendo seu Vice-presidente. No momento é o responsável pela implantação do Museu da História da Paraíba a se instalar no Palácio da Redenção.
Fiz um parêntese para comentar a plaquete porque achei que, só falando sobre o aniversário, o texto ficaria empobrecido de dados sobre o aniversariante. Dessa forma realçamos a figura singular de Chico enaltecendo os seus méritos.
Já no final, houve o pronunciamento de familiares e o de Chico que emocionou a todos presentes. Seguido do Parabéns para você. Quero transcrever o vídeo elaborado por sua filha Flora Agra, muito bem posto. Diz no vídeo:
“Bem que meu pai poderia ser o Rio São Francisco, pois além de estarem em movimento ambos se chamam carinhosamente Chico.
Dizem os astrólogos que o Capricórnio nasce velho e morre menino e são sérios conservadores e maduros, mas Chico Pereira veio às avessas, nasceu artista e no período natalino. Não se dando por satisfeito resolveu transgredir, elegeu o carnaval como sua essência. Formas, Alegria, Criatividade, Energia, Cores e muita Vitalidade.
Natal de 1961, olhando para aquelas telhas de vidro suas irmãs Gerusa e Verônica após a morte de seu pai se perguntavam se ganhariam presentes de papai Noel… Manhã do dia seguinte. Elas brincavam com os presentes de madeira que você fabricou.
Meu pai é um artista não apenas pelo que cria, mas por como sente, ele é feito de emoção, como uma alma que transforma o comum em extraordinário, cada traço, cada palavra, cada aula que ele produz, carrega um pedaço no seu coração. Ele enxerga beleza onde poucos olham e sua sensibilidade transborda para tudo que toca.
É nessa grande luta emocional. Você fez preto e branco colorido.
CONQUISTA.
Acompanham o vídeo vários quadros, murais e trabalhos artísticos ilustrativos.
Agradecem, Clara Maria, Vera Schreck, Maria Schreck, Gilles.
Constata-se que a comemoração do aniversário de Chico converteu-se, como ele desejava, num acontecimento artístico cultural por tudo que foi arquitetado, próprio do ineditismo peculiar dos artistas e que as pessoas que participaram puderam conhecer mais da intimidade e do âmago de sua alma, desnudada por todos aqueles que se integraram ao evento, inclusive os que através da ótica escrita reuniram na plaquete, traçando o perfil do homem que é Chico Pereira.
O título da crônica faz jus a “Festa Memorável” dos 80 anos de Chico pela celebração única que não será esquecida por todos os que tiveram o privilégio de vivenciá-la. Parabéns !
Profª. Emérita da UFPB e membro da Academia Feminina de Letras e Artes da Paraíba (AFLAP)
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