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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Essa Via láctea

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publicado em 07/02/2025 ás 09h11

De tanto ri, rasguei minha bocarra de um extremo ao outro dos meus limites. “O infinito”… Ouvi o balbuciar extasiado de um humano, pobre ser que, sequer, tem condições de compreender as próprias dores.

Porque seus olhos não alcançam a plenitude, me apelidaram de “ rio leitoso”, uma metáfora besta e pobre; porque seus ouvidos são sensíveis a um simples grunhido de um dedo mindinho de um dos meus braços mais pequenos, desconversam, dizem que sou muda, que não “dou bola” para ninguém; porque suas mentes estreitas não suportam minha forma espiralada, têm um pensamento curto e linear; por que, em matéria de contagem, ainda estão no bê-á-bá, são como ábacos que não sabem fazer conta, muito menos tirar a prova dos noves.

E mais:  dizem que o Sol é o meu olhar mais profundo. Inventam histórias fantasiosas sobre as minhas danças, querem por que querem um criador para os meus gemidos. Sequer conhecem meu buraco negro supermassivo, o Sagitário A, destruidor de toda e qualquer invencionice humana. Coitados, coitados. Não sabem eles que sou como o “Pi”, uma dízima periódica bem puta do juízo.

Em verdade, isso devia ser preocupação maior dos terráqueos, mas uma boa parte deles, uns, por ignorância, outros, por pura maldade, até vibram com os seus governos que promovem, com gosto de sangue na boca, a desesperança, o preconceito, a injustiça, tudo por uma ou duas dúzias de patacas.

Transformaram um dos meus planetas, ainda que o mais chinfrim, em um curral, cheio de gado com cercas por todos os lados, uma máquina de fabricar dinheiro, capim e alienados. Por duas ou três moedas, passam por cima até das suas mães.

Mas isto é outra conversa para outro contexto. De qualquer forma, ainda tenho ilusões. Sim, as crianças têm razão: sou parecida com um pirulito colorido dependurado no céu querendo ser chupado. Doce como mel de jandaíra.  É. Talvez a humanidade ainda tenha salvação.

@professorchicoleite

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