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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Oscilação metafórica dos semáforos

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publicado em 08/02/2025 ás 07h00
atualizado em 08/02/2025 ás 08h57

Sinal fechado. O tempo não para. Como pode uma música de Cazuza identificar tão bem a miséria brasileira – e não é a canção “Brasil”, em que o compositor pede que o país mostre a sua cara. Cara de ontem, cara do que já foi.

Não, a canção em que Cazuza foca a tragédia brasileira é “O Blues da Piedade”  – e nos convida para pedir piedade dessa gente careta e covarde.

Nessa peleja do diabo com o dono do céu, encorpados e fantasiados de Lampião, Maria Fulô, Macunaíma, Zé de Riba e Zé de Baixo, favelados, miseráveis, formam o bando da canção “Brasil Pandeiro” de Assis Valente, este, sugere que essa gente bronzeada mostre seu valor. Faz tempo, hein?

Impecavelmente infectados a instigar a própria morte por excesso de velocidade cerebral, é quase igual a encher a cara de cana e sair por ai atropelando e matando “gente lavando roupa com a mão, amassando o pão”.

Como pode um sonho barricar, numa trincheira improvisada, se o sonho mais lindo, mais singelo, é o das crianças.

De longe, o carregamento das almas forma fileiras no purgatório, já que o inferno é aqui mesmo.

Como pode elogiar a Loucura do Erasmo, se os verdadeiros loucos surtam em interpretações outras, diante de pequenos querubins, operários e analfabetos.

Como pode um gênio criativo Cazuza ter agonizado num hospital com uma overdose de poesia num esforço sobre-humano para sobreviver e ser entendido como a mais perfeita engrenagem da canção.

Ontem em Tambaú encontrei o Kerouac à espera de boleia ou de alcançar o Nirvana. Nessa hora, o sinal abriu.

Afinal, quem tem razão? Cazuza ou Djavan, com o seu jardim em prantos da canção  “Vesúvio”, se as rosas de Cartola falam outra língua e as torturas verbais são apocalípticas.

Pois bem, se Cartola fosse do interior de Minas teria criado “As roças não falam”.

Kapetadas

1 – Já tive memória. Depois, uma vaga lembrança. E sobre o quê eu estava falando mesmo?

2 – Beba com moderação é um conceito útil, mas impraticável.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB