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Educador físico, psicólogo e dvogado. Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal Investigativa. Ex-agente Especial da Polícia Federal Brasileira, sócio da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e do Instituto Brasileiro de Justiça e Cidadania. Autor de livros sobre drogas.

Creatina faz bem? Tire suas dúvidas

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publicado em 11/02/2025 ás 07h00
atualizado em 10/02/2025 ás 20h05

A creatina é, provavelmente, o suplemento nutricional para melhorar o desempenho muscular mais popular no mundo. Estudos mostram que esta substância tem demonstrado melhor eficácia em relação ao desempenho de exercícios de curta duração e alta intensidade.

Em 1832, o químico francês Michel Chevreul (1786-1889) descobriu um composto que poderia ser extraído das carnes e, em referência ao nome grego do alimento (kreas), batizou-o de creatina. As pesquisas progrediram lentamente ao longo dos anos até que, na década de 1990, dois estudos clínicos revelaram as vantagens deste nutriente para os praticantes de esportes. A partir daí a creatina ganhou visibilidade e despertou o interesse dos pesquisadores. Desta forma, o consumo desta substância decolou, haja vista que passou a ser consumida não apenas por atletas profissionais, como por um grande número de adeptos dos exercícios e esportes em geral.

É importante esclarecer que a creatina não é um esteroide anabolizante e, portanto, não é considerada doping por nenhuma organização esportiva, incluindo o comitê olímpico internacional. Trata-se de uma substância produzida a partir de três aminoácidos, estando presente em todos os animais vertebrados. Nosso corpo, sejamos atletas ou não, produz creatina pelas proteínas consumidas na alimentação. Já os Esteroides anabolizantes são uma versão sintética da testosterona, hormônio androgênico produzido em grande quantidade nos homens e em pequena quantidade nas mulheres. Embora os resultados fisiológicos e de desempenho dos esteroides anabolizantes e da creatina possam ser semelhantes, seus mecanismos de ação e categorização legal são bem diferentes.

A creatina é sintetizada nos rins e no fígado e armazenada quase que inteiramente nos músculos, sendo sua principal função fornecer energia para a contração dos músculos.

O sucesso tem sua razão de ser, apesar dos mitos difundidos. “A maioria dos suplementos é ineficaz, mas a creatina é um dos mais estudados e está entre os poucos com benefícios fundamentados cientificamente”, diz o nutricionista Hamilton Roschel, do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da USP.

Devo dizer que, segundo a maioria dos especialistas neste tema, não há milagres nesta substância, sendo os efeitos desta limitados e observados apenas por quem pratica exercícios regularmente. Embora, deva-se admitir, que tais benefícios podem ser estendidos a alguns grupos de não atletas,  a exemplo de pessoas com restrições alimentares, vegetarianos, idosos etc. Embora o nosso corpo seja capaz de sintetizar esse conjunto de aminoácidos, a maior parte do que se obtém vem de alimentos de origem animal. No caso das pessoas mais velhas, que perdem massa magra de forma mais acentuada, a inclusão da creatina na rotina destas, acompanhada de sessões de musculação, ganha relevância.

Alguns estudos também afirmam que a creatina pode beneficiar idosos acometidos da sarcopenia relacionada à idade. Este mal se caracteriza por uma diminuição generalizada da massa, força e funcionalidade dos músculos, que ocorre naturalmente com a idade e está associada ao aumento do risco de quedas, fraturas, incapacidade física e mortalidade.

Nunca é demais lembrar que, embora a creatina venha apresentando bons e promissores resultados, a recomendação dos profissionais da saúde é que tal suplemento não deve ser consumido sem orientação de um especialista.

È fundamental ainda, verificar se tal produto foi testado e aprovado pelas entidades oficiais responsáveis. Dentre as formas de creatina existentes no mercado a creatina monohidratada é a forma clássica mais estudada e com mais evidências de segurança e eficácia. Isto não isenta a possibilidade de efeitos colaterais desta substância. Alguns pesquisadores atestam que o excesso de aminoácidos e proteínas causam aceleração da perda de função dos rins em pacientes com insuficiência renal, por isso, o uso de creatina nestes pacientes geralmente é contraindicado.

Os efeitos colaterais mais comuns relacionados ao uso indevido da creatina são: náuseas, dor abdominal, diarreia, câimbras, desidratação etc. Existe ainda a hipótese de uma relação entre o consumo de creatina e o aumento na incidência de cálculos renais, porém isso não está comprovado. Como se vê, o uso é recomendado, mas com as devidas cautelas.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB