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Formada em Direito, Administração com ênfase em Comércio Exterior e pós-graduada em Comunicação Corporativa pela Universal Class da Florida.
É lider climate reality change pelo Al Gore e ceo do site Belicosa.com.br onde escreve sobre comportamento digital e Netnografia.

Algoritmos Viciantes: Por Dentro das Estratégias que Nos Mantêm Presos às Telas

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publicado em 12/02/2025 ás 07h00
atualizado em 11/02/2025 ás 19h37

Nos últimos anos, o termo “vício em tecnologia” saiu do campo das especulações para se tornar um diagnostico medico. Cada vez mais pessoas percebem que suas vidas estão sendo moldadas por algoritmos projetados para capturar sua atenção e mantê-las presas às telas.

Mas como isso acontece? E quais são as implicações sociais, psicológicas e éticas desse fenômeno?

Os algoritmos viciantes são sistemas automatizados que utilizam inteligência artificial e aprendizado de máquina para prever e influenciar o comportamento humano.

Esses sistemas são amplamente empregados por plataformas como redes sociais, aplicativos de streaming e serviços de entretenimento digital. Sua principal função é maximizar o tempo de engajamento dos usuários, criando um ciclo contínuo de recompensas psicológicas. Ou seja quanto mais tempo ficamos nas telas mais consumimos.

Um estudo publicado na revista “Nature Communications” em 2021, liderado pelos pesquisadores Dr. Adam Alter e Dra. Tanya Goodin, revelou que os algoritmos usam técnicas de condicionamento operante, semelhantes às caixa de Skinner em seus experimentos com ratos.

Essas técnicas envolvem a entrega de recompensas imprevisíveis, que ativam o sistema de recompensa do nosso cérebro, liberando dopamina e incentivando o usuário a continuar interagindo.

Essa dinâmica não é acidental.

Empresas de tecnologia investem bilhões de dólares em pesquisa para otimizar esses algoritmos, garantindo que eles sejam cada vez mais eficazes em manter os usuários conectados.

Como resultado, muitas pessoas relatam dificuldade em desconectar-se, mesmo quando reconhecem os impactos negativos dessa dependência. Esse padrão de uso excessivo leva a  problemas como ansiedade, depressão e transtornos de dependência.

A dependência de algoritmos viciantes não afeta apenas indivíduos, mas também a sociedade como um todo. Um estudo conduzido pela Universidade de Stanford em 2020 mostrou que o uso prolongado de redes sociais está associado a níveis mais altos de solidão e baixa autoestima, especialmente entre adolescentes e jovens adultos.

Isso ocorre porque os algoritmos frequentemente promovem conteúdos que exacerbam comparações sociais, fazendo com que os usuários se sintam inadequados ou insatisfeitos com suas próprias vidas.

Além disso, há evidências crescentes de que o consumo excessivo de conteúdo digital está fragmentando nossa capacidade de concentração. O neurocientista Daniel Levitin, explica que a sobrecarga de informações causada pelos algoritmos está sobrecarregando nossos cérebros, tornando difícil priorizar tarefas e tomar decisões informadas, esse fenomemo tem um nome: Infobesidade.

Não quero te assustar ao ponto de voce jogar fora seus celulares e voltar aos tempos das cavernas sem telas, mas é importante nos instalar na realidade e começar a ter pequenas atitudes para mudar o jogo, afinal quem comanda nossas telas somos nos não o contrario.

Diante desses desafios, é crucial que tanto indivíduos quanto governos e empresas tomem medidas para mitigar os efeitos nocivos dos algoritmos viciantes. Algumas estratégias incluem:

Promover a Educação Digital: Ensinar as pessoas sobre como os algoritmos funcionam pode ajudá-las a usar a tecnologia de forma mais consciente.

Politicas Publicas de Transparência : Políticas públicas podem exigir maior transparência das empresas de tecnologia sobre como seus algoritmos impactam os usuários.

Desenvolver Ferramentas de Autogerenciamento: Aplicativos que monitoram o tempo de tela e oferecem opções de “modo foco” podem ajudar os usuários a controlar seu uso de tecnologia.

Refletindo Sobre Nosso Futuro Digital

Os algoritmos viciantes são uma realidade inegável do mundo moderno, mas isso não significa que devemos aceitá-los passivamente.

Ao entender como esses sistemas funcionam e quais são seus impactos, podemos começar a tomar decisões mais informadas sobre como interagimos com a tecnologia O futuro depende de nossa capacidade de equilibrar a conveniência digital com o bem-estar humano.

Portanto, ao navegar pelas redes sociais ou assistir a vídeos recomendados, lembre-se de que você está lidando com sistemas projetados para capturar sua atenção. A chave para evitar que esses algoritmos controlem nossas vidas está em adotar práticas conscientes e buscar soluções coletivas para um ambiente digital mais humano.

Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia no Belicosa.com.br

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB