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Graduada em direito e pós graduada em direito criminal e família, membro da academia de letras e artes de Goiás, tenho uma paixão pela escrita Acredito no poder das palavras para transformar realidades e conectar pessoas

Palavras dentro de outras palavras

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publicado em 23/02/2025 ás 07h00
atualizado em 22/02/2025 ás 21h44

A gente sabe, no fundo, a quem se apegar…

O apego pode ser escrito com outras palavras,  a  amizade também e não é uma questão de se apegar a uma ideia, a uma música. É só jeito de mar.

Ninguém se apega a outra pessoa apenas porque ela é simpática, usa roupas estilosas, adora um bom show e fã de Ivete Sangalo. Essas são só características superficiais. O apego vem do cheiro que envolve, do mistério que fascina, da paz que alguém traz para nossa vida ou até pelo tormento que provoca. Ama-se pelo timbre da voz, pela forma como os olhos brilham e pela fragilidade que se revela nos momentos mais inesperados. Por exemplo: dentro da palavra soldado tem um sol e um dado.

O verbo amar não requer um histórico ou uma lista de referências. Ama-se pelo que o amor tem de inexplicável. Existem pessoas honestas em profusão, generosas em cada esquina, e bons motoristas estão por aí, mas ninguém pode ser como aquele amor especial—aquele que brilha com uma luz única.

Ama-se pela forma como o coração dispara ao ouvir a risada dele ou dela, pela sensação de lar que surge quando a presença do outro é sentida. É no silêncio compartilhado que o amor se materializa; é ali que as palavras perdem a importância e a conexão se torna palpável.

O amor não pede manual de instruções ou pré-requisitos. Não há necessidade de buscar referências ou perguntar a amigos em comum.  Amar um amigo, ou amiga, é como amar um filho. É uma dança improvisada, onde cada passo é sentido e cada movimento é um reflexo do coração.

Gente boa existe aos montes, generosos são comuns nas ruas e pessoas boas estão em toda parte. Mas ninguém ocupa o espaço especial que aquele amor ocupa—um espaço iluminado por uma luz própria.

Ama-se pelo toque suave das mãos, pela forma como os dedos se entrelaçam como se fossem feitos um para o outro. É no cheiro familiar que se transforma em abrigo e na voz que embala as noites, trazendo segurança mesmo nas tempestades emocionais.

Ninguém ama por conveniência ou status social. O amor não é algo comercializável; ele é espontâneo e genuíno. Ama-se pelas pequenas coisas: o jeito como o outro prepara café numa manhã fria, as piadas internas que só vocês entendem ou até mesmo as discussões acaloradas que terminam em risadas.

Assim seguimos, entre encontros e desencontros, entre risos e lágrimas; o amor vai se moldando. Ele não precisa de justificativas ou explicações; ele simplesmente existe. Na simplicidade dos gestos cotidianos encontramos a profundidade do amar.

Então, quando alguém pergunta por que amamos uma pessoa específica, muitas vezes a resposta escapa das palavras. Pode ser pelo jeito como ela transforma um dia comum em algo extraordinário ou pela forma como faz nosso coração encontrar seu verdadeiro ritmo.

No final das contas, amar é entender que existem milhões de razões para amar alguém, mas nenhuma delas precisa ser racionalizada. O amor é um mistério delicioso—um convite à entrega e à vulnerabilidade.

E assim seguimos, amando intensamente e sem medo de nos perder nessa arte tão sublime.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB