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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Velório da imortalidade

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publicado em 25/02/2025 ás 07h00
atualizado em 25/02/2025 ás 07h54

O acadêmico Hildeberto Barbosa já havia alertado – “não me peçam votos para eleições na APL”  HB enxergou longe. Eu não queria escrever sobre a imortalidade, nem publicar meu livro nesse século, mas fico a pensar como isso significa entender o que faz um candidato chegar à Academia Paraibana de Letras.

Georges Bataille deixou bem claro que “um homem difere de um animal no fato de certas sensações o ferirem e o liquidarem no mais íntimo”, mas desde então, foi-se tornando comum uma compreensão, tipo ajuda, do campo literário com mais outra atração, para se chegar na Casa do professor Coriolano de Medeiros. “Ô de Casa, Ô de Fora”.

As grandes obras se organizam como monumentos a serem rodeados nesse afã dos que andam engolindo orelhas e pretendem assumir algum título, como se fossem escritores consumíveis e pudessem ser apropriadas, as obras, é claro, com as presenças até esgotadas as vagas. Me parece que na APL restam duas, até que moram novos imortais.

Antigamente os candidatos pediam votos nos velórios da imortalidade e se lançavam a tudo sem nenhuma consideração com o cadáver, pelo nível de exigência cobrada em cada eleição, e, claro, sem o menor receio de serem tomados por gananciosos. Quando a ignorância vira política de Estado, a burrice passa a se chamar patriotismo, mas isso é outra onda.

O certo é que, com a morte dos acadêmicos, a Academia vai preenchendo as vagas, até que morram outros, ôbvio, né?

Poetas e romancistas presumem que podem chegar ou se albergar e estimar os seus desejos da imortalidade, e desde logo a fazer parte da confraria. Os tempos não mudaram.

Candidatos que nada tem a acrescentar, poderiam evitar colocar seus nomes na urna, além das dificuldades do idioma, essa arte incrivelmente difícil da boa prosa ou poesia. Mas não, eles quebram a composição para chegarem aos batentes.

São normalmente candidatos, jamais sindicais interessados em ver aumentar as fileiras e também o gênero de usurários, que todos os dias encontram novas formas de engrolar essa vaidade de sair por ai dizendo que é imortal e é mesmo.

Hoje, a Academia está povoada de escritores, poetas e contadores de história  em sua maioria, inteligentes e geniais.

Kapetadas

1 – O mundo dá voltas, mas só gira para quem tem networking.

2 – O que é amizade de baixa manutenção? Amigos que não fizeram revisão?

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB