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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Misérias carnavalescas

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publicado em 01/03/2025 ás 07h00
atualizado em 01/03/2025 ás 08h12

Nada é mais desolador hoje do que ir à procura do Zé Pereira, não porque hoje é sábado, mas porque se dá por nenhum, por nada que não se fique pelas timidezes e avanços dos redundantes. Coitado do Zé Pereira, uma mera transcrição arquetípica do “malandro”.

Zé Pereira, arrastado numa imagem, que nos devolva a mocidade que ficou sujeita a noções intragáveis, a ponto de sentirmos a saudade morder o vazio. É foda, né?

Esquece o Zé, tem muitos na Paraíba.  No fim, se tiver fim, o argumento é que não devemos nos opor à ideia de que o Zé é o melhor.

O delírio assinala a hora de impor a invasão à forma de vida do otário. Mas quem é o otário? Milhares…

No sinal, o engolidor de fogo usa a roupa que você usava e deve ser uma m.. engolir fogo, o querosene na boca, uma forma de expressar a miséria do cotidiano, da arte fodida, humilhada, reduzida à parada nacional do carnaval.

Curiosamente isso mantém o elo entre o Zé e a fome, um pacto que conduz a um cinismo generalizado.

O que vemos é essa enorme diferença que veleja criaturas vazias engaioladas e pelintras.  É uma loucura.

Estamos sempre a traçar um resumo das relações entre as personagens Dona Flor e seus 2  maridos como anunciou o professor Cláudio Dionísio Paiva, do medo da ruptura e do desejo de ‘enganar’ (mas é apenas uma miragem: ninguém engana ninguém, todos sabem tudo desde o princípio).

Vivemos devastados por essa ilusão de que os outros se deixam enganar, e sobretudo por essa necessidade de se iludirem a si mesmos. Não havia nenhum futuro para isto, e essa era a grande promessa que a vida nos fazia.

Por isso mesmo o Zé Pereira deu no pé.

Kapetadas

1 – Se a pessoa fala que não se importa, pode ter certeza de que ela está se descabelando por isso.

2 – A calça saruel é a fralda geriátrica do neo-hippie.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB