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Poeta, escritor e filósofo. Nasceu em Pombal no ano de 1961. Reside em João Pessoa

  ADOLFO ROSA MEIA NOITE (Tipo Popular)

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publicado em 07/03/2025 ás 14h51

Adolfo Rosa Meia Noite, nasceu na povoação Volta de Varas, Afogados da Ingazeira, Estado de Pernambuco, em 1840 e morreu, numa emboscada por força volante de cerca de 30 homens na cidade de Malta, Estado da Paraíba; juntamente com ele foram também mortos vários de seus companheiros de cangaço. Era filho de Leandro Notário de Freitas e de Henriqueta Francisca Nobre. Tinha nove irmãos, sendo seis homens e três mulheres.

Adolfo apaixonara-se por uma prima, a jovem moça, filha da rica viúva Donana, seus primos segundos. A viúva opôs-se e não podendo convencer a filha, apelou para o Padre Quaresma, seu parente, proprietário abastado e autoridade policial e política. O padre prometeu acabar com o namoro mas não tinha motivos suficientes para enfrentar o pacífico Adolfo.

O acaso ajudou-o. Apareceu em Volta de Varas um cabra de nome José Espinharas e empregou-se no serviço da roça. Numa tarde, voltando de Afogados da Ingazeira, José Espinharas encontrou-se com um grupo de soldados. Um deles em exaustão, capengava, e o cabra ofereceu-se para conduzir a sua arma. José Espinharas fugiu com a arma.

O soldado queixou-se ao comissário, justamente o Padre Quaresma. Imediatamente uma patrulha foi à Volta de Varas e prendeu Adolfo que tudo ignorava. Meteram-no no tronco, preso de pés e mãos durante dois meses. Soltam-no apenas para que fizesse faxina, os serviços mais humildes e humilhantes e rudes, guardado por soldados que zombavam dele. O Tenente Paiva, cumprindo ordens do Padre Quaresma, apareceu na prisão e deu doze pauladas em Adolfo.

Os irmãos, furiosos com a injustiça e injúria feita à família, juraram vingar-se. Numa manhã em que Adolfo ia fazer a faxina, com três soldados, encontrou os irmãos, e Manoel Coriolano, Manuel Piam, Leonel de Siqueira Paz, amigos. Deram uma descarga de balas. Um soldado caiu morto. Os outros fugiram, apavorados. Adolfo seguiu os irmãos. Não podia ficar em sua terra, trabalhando. Foi pedir proteção ao Coronel Elesbão, de Belém, na Paraíba. O Padre Quaresma, furioso, continuava perseguindo os irmãos de Adolfo.

Uma noite este apareceu, armado, decidido. Foi à casa do Padre Quaresma, exprobrou-lhe o procedimento, recordando as injustiças e matou-o com um tiro na cabeça. Nesta época tinha Adolfo 26 anos de idade.

Era homem de poucas palavras, extremamente agradável e cheio de amabilidades. Adolfo começou a usar o apelido “Meia-noite” pelo hábito das viagens noturnas e súbitas aparições para vingar-se dos inimigos que o haviam humilhado.

Corria o ano de 1866 quando começou sua vida de bandoleiro, errante, dormindo armado, sem sossego e pouso. Andava sempre só e enfrentou vários valentões pagos para matá-lo. Os irmãos foram auxiliá-lo. Constituíram um grupo. Não roubava mas mandava pedir dinheiro dos fazendeiros, defendendo-os de outros cangaceiros assaltantes. Fixou-se na Paraíba.

Cantiga de Adolfo Rosa Meia Noite:

Adolfo nasceu nas Varas

De Afogados de Ingazeira,

Província de Pernambuco

Foi sua terra primeira.

– Ele pode ser um padre

Ter a coroa sagrada;

Eu sempre vivi com honra

Não vou viver desonrado.

Não podendo trabalhar

A Paraíba procurou.

De todos os inimigos

Meia Noite se vingou.

– Tenho uma coisa comigo,

Desde a hora de nascer;

Não mato sem precisão

Nem corro sem vê de quê.

Era homem de coragem,

De muito bom coração,

Só matava peito a peito,

Pois nunca foi um ladrão.

As praças da Paraíba

Na fazenda do Bom Fim;

Lhe fizeram a traição,

Lhe dando o triste fim.

Adolfo era descendente de nobres ingleses, era neto do famoso inglês Richard Breitt. Adolfo Meia Noite se tornou o terror do sertão, aterrorizando vilas e cidades por mais de 05 anos. Por volta de 1877, quando Antônio Silvino tinha apenas 02 anos de idade, Adolfo Meia Noite já dominava a região como cangaceiro, região do Pajeú e sertão da Paraíba. Ele e seus dois irmãos Manoel e Nobelino, por uma questão de honra, tiveram que se armar contra o desafeto conhecido como Padre Quaresma (apelidado de padre, não se sabe por quê) – comissário de polícia, subdelegado naquela época. A razão dessa animosidade contra Adolfo foi uma paixão amorosa.

Adolfo era o galã da vila, disputado pelas moças da localidade e por inveja, o subdelegado traiçoeiramente o prendeu na localidade de Varas, enviando-o depois à Afogados da Ingazeira. Adolfo chegou a comandar dez cangaceiros. Pouco não se registrou nenhuma Vila ou Cidade que ele não tivesse assaltado. Mas, ainda se vê no distrito de Jabitacá suas tradicionais trincheiras construídas de pedras soltas. As que merecem mais atenção foram as da serra do Brejinho.

Sobre os nomes dos seus cangaceiros pouco se sabe, a não ser o de “Manoel do Gado”, antigo marchante; e Almeida, filho natural da serra da Colônia, assassino frio que matou um primo do sítio Extrema por uma simples rapadura.         Adolfo foi casado com uma sertaneja, por nome de Ana Maria, conhecida por “Santinha”.

Na polícia a inclemência

Continuava imperando

Espalhada na caatinga

Meia Noite procurando

Vez por outra se encontravam

O céu escuro ficava

Com o fumaceiro nublando

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