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Mito da mulher multitarefas

Psicóloga alerta para os impactos da sobrecarga na saúde mental feminina

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publicado em 08/03/2025 ás 19h37

Por muito tempo, a sociedade alimentou a ideia de que as mulheres possuem uma habilidade inata para a multitarefa. A imagem da “super mulher” — capaz de equilibrar trabalho, maternidade, vida social e autocuidado sem perder o ritmo — se tornou um padrão de exigência. No entanto, essa crença não apenas não encontra respaldo científico, como também impõe um alto custo à saúde mental feminina.

Um estudo publicado na revista PLOS One revelou que as mulheres não são naturalmente mais eficientes na realização de múltiplas tarefas do que os homens. A pesquisa demonstrou que o cérebro feminino não apresenta vantagem ao alternar entre atividades ou realizar diversas ações simultaneamente. Na prática, o que ocorre é um condicionamento social que incentiva as mulheres a assumirem mais responsabilidades e se adaptarem às demandas de diferentes áreas de suas vidas.

De acordo com a psicóloga da Hapvida, Michelle Costa, essa pressão para dar conta de tudo gera um impacto negativo na saúde mental da mulher. “Atualmente as mulheres são cobradas e sentem-se na obrigação de corresponder a diversas exigências, como maternidade, trabalho, busca pelo corpo ideal e uma autoimagem impecável. No campo da saúde mental, isso pode gerar exaustão, esgotamento, depressão e ansiedade”, alerta.

Além dos transtornos psicológicos, a sobrecarga mental afeta diretamente a qualidade do sono. A psicóloga afirma que muitas mulheres levam para a cama a ‘agenda mental’ de todas as suas obrigações e responsabilidades. Esses pensamentos intrusivos desencadeiam quadros ansiosos, prejudicando o descanso.

Os relacionamentos também sofrem com as consequências dessa rotina exaustiva. “A mulher sobrecarregada pode se tornar intolerante, impaciente e até agressiva. Isso pode levá-la a evitar o contato com familiares e amigos, gerando distanciamento e conflitos”, acrescenta Michelle.

Outro fator prejudicado pelo excesso de tarefas é a autoestima. A frustração por não conseguir “dar conta de tudo” pode levar à autossabotagem e ao sentimento de incompetência. Para evitar esse ciclo de exaustão e culpa, a especialista recomenda uma organização consciente das demandas diárias, criando uma rotina realista, com um checklist das tarefas mais importantes e sem cobranças excessivas, respeitando os próprios limites.

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