João Pessoa, 15 de março de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Deboche inspirador

Comentários: 0
publicado em 15/03/2025 ás 07h00
atualizado em 15/03/2025 ás 09h02

Em tempos outros era atribuição dos talentosos dar corda ao mundo. Hoje ninguém mais quer mudar o mundo. Já passa da hora, pois mesmo na ausência de luta, regalos desses que desembaraçam o juízo de excessos, não se vê mais sacadas e iniciativas. Tudo é política, tudo é feito nas coxas.

Aliás, mesmo na falta de orgulhos do poder, ninguém reclama a sua independência numa vaidade interior, e ao findar os seus dias alegra por dizer e não diz.

Eu vi um monólogo tresloucado de amor em público de forma impetuosa e não parecia francamente repugnante, afinal, o verbo amar envelheceu.

Por meio de uma dicção cacofônica, o narrador tratante põe toda moralidade em xeque ao encarar Deus e o demo pela chave da violência verbal, coisa que o ser humano não cansa de reforçar, porque é muito frequente na sua linguagem coloquial.  Pow!

Eu vi um deboche cru e inspirador, acompanhado de ilustrações universais em páginas cinzentas sem perder de vista toda influência da cultura do nada.

Na visão de mundo do homem contemporâneo, 9 foras, nada. Vi uma cena banhada em sangue e um simulado prazer, necessariamente que é mais ou menos como dá para encarar a condição feminina na Praça dos 3 Poderes. O sangue saía pelas ventas e o prazer é contundente e  mordaz como nos sonhos de Quevedo.

Um breve intervalo entre nascer e morrer, sem o menor sentido, dentro do caos, moças bonitas cobram cem reais para um sexo rápido, na praça João Pessoa, – a praça repleta de comportamentos, como nos tempos de Alagamar,  sei lá

Seja ou não a rainha da Inglaterra, príncipes velhos deixam o Pavilhão do Chá, onde as putas envelheceram, e como atores de cinema pornô, correm  para a Praça dos Poderes igual terroristas cortando cabeças, ou ´Cabeças Cortadas´, o filme de Glauber Rocha (foto)

De perto uma geração incessante de carbono e uma montoeira de criaturas usadas.

Segundo o narrador Nabucodonosor,  da Quarta dinastia da Babilônia, responsável por ideias elevadas proeminentes, mas tudo continua na mesma.

Duvido que você saia dessas páginas sem ter compreendido um pouquinho mais da existência escandalizada. Vai encarar?

Kapetadas

1 – Depois de velho, todo retrato da gente parece desenho do Picasso.

2 – Quem bate em idoso, merece viver o suficiente para apanhar dos próprios netos.

3 – Ilustração foto de Glauber Rocha dando lingua no set de filmagens de Cabeças Cortadas, 1970.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

MaisTV

Órgãos, padarias e associações terão incentivo para atuar no Centro Histórico

PROJETO DE LEI - 14/03/2025

Opinião

Paraíba

Brasil

Fama

mais lidas