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O Poder Judiciário do Estado da Paraíba lamenta profundamente a morte da juíza Helena Alves de Souza, ocorrida na noite desta sexta-feira (14). Primeira mulher a assumir a magistratura no Judiciário paraibano, sua trajetória foi marcada pela competência, pela ética e pelo compromisso inabalável com a justiça.
Aos 101 anos, deixa um legado de pioneirismo e dedicação, servindo de inspiração para gerações de magistrados e servidores. Sua atuação firme e serena contribuiu significativamente para o fortalecimento da Justiça na Paraíba.
O presidente do Poder Judiciário, desembargador Fred Coutinho, esteve no velório e se solidarizou com familiares, destacando a inestimável contribuição da magistrada para a história da Justiça paraibana. “Neste momento de pesar, o Poder Judiciário do Estado da Paraíba expressa suas condolências e reafirma seu reconhecimento à trajetória exemplar de Helena Alves de Souza, que deixou um legado de pioneirismo e dedicação à justiça e à educação na Paraíba”, disse.
A juíza Helena Alves de Souza estava internada no Hospital da Unimed desde a última quarta-feira (12) e morreu de causas naturais. O velório está ocorrendo na Casa Mortuária São João Batista.
Quem era Helena Alves de Souza?
Helena Alves de Souza foi uma figura pioneira no Judiciário paraibano, destacando-se como a primeira mulher a assumir a função de magistrada no estado. Nascida em 19 de março de 1923, em Guarabira, Paraíba, mudou-se ainda criança para João Pessoa, onde sua família residiu no bairro do Roger. Filha de Luís Alves Guilherme de Souza, barbeiro e poeta, e Joana Alves do Nascimento, dona de casa, Helena sempre demonstrou determinação em sua trajetória.
Após concluir o curso clássico no Lyceu Paraibano, ingressou na primeira turma da Faculdade de Direito da Paraíba, formando-se em 1956. Em 1957, tornou-se a primeira mulher aprovada em concurso público para o cargo de juíza no estado, iniciando sua carreira na comarca de Pilões. Posteriormente, foi transferida para Cabedelo, onde exerceu a magistratura por um período significativo.
Além de sua atuação no Judiciário, Helena Alves de Souza teve uma contribuição relevante na área educacional. Em parceria com o então promotor Júlio Aurélio Moreira Coutinho, fundou o Colégio Estadual de Cabedelo, onde também lecionou português e exerceu a função de diretora.
Cassada durante Ditadura Militar
Em fevereiro de 1969, durante o regime militar, foi afastada de suas funções e aposentada compulsoriamente pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5). Durante o período de afastamento, dedicou-se ao magistério, lecionando disciplinas como Organização Social e Política do Brasil e Moral e Cívica no Colégio Santa Júlia, em João Pessoa. Com a anistia, retornou ao Judiciário, sendo designada para a comarca de Piancó, mas optou por se aposentar pouco tempo depois.
Ao longo de sua vida, Helena Alves de Souza recebeu diversas homenagens. Em 2004, o Fórum Eleitoral de Cabedelo foi nomeado em sua honra. Em 2013, recebeu o título de cidadã cabedelense pelos relevantes serviços prestados ao município. Em 2023, ao completar 100 anos, foi novamente homenageada, sendo reconhecida como um marco na história do Poder Judiciário da Paraíba.
A primeira juíza da Paraíba não teve filhos, mas deixa muitos sobrinhos, entre eles a jornalista Silvana Sorrentino; as professoras Rossana Lianza e Gianna Sorrentino; o servidor público Márcio Luis; a engenheira Alana Meira e o sobrinho-neto Fábio Lucas, servidor do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
MaisPB
PROJETO DE LEI - 14/03/2025