João Pessoa, 21 de março de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Enfim, o governo enviou ao Congresso Nacional o Projeto de lei que isenta do imposto de renda pessoas que ganharem, mensalmente, até R$ 5.000,00. Promove, também, descontos para aqueles que auferirem, no mês, até R$ 7.000,00.
Para se ter uma ideia do impacto na vida dos trabalhadores, basta dizer que, hoje, a isenção alcança quem ganha, mensalmente, até R$ 2.259,20, sendo que, a renda acima de R$ 4.664,68 está sujeita a alíquota de 27,5%.
Um absurdo. Um sistema tributário invertido, onde o trabalhador de reduzida capacidade contributiva, paga, proporcionalmente, mais imposto do que os ricaços, aquelas pessoas que ganham acima de R$ 50.000,00 mensais (R$ 600.000,00 por ano).
Sensibilidade política de notável envergadura, medida de justiça fiscal para um país onde a desigualdade é vergonhosa, moralmente perversa e redutora do seu desenvolvimento econômico e social.
Estima-se que só essa medida acrescentará aos 20 milhões, mais 10 milhões de pessoas que deixarão de pagar imposto de renda, gerando um efeito multiplicador na economia brasileira.
Há um problema, no entanto. A renúncia de receita exige, como determina a Lei de responsabilidade fiscal, a indicação da fonte financiadora do benefício. Dessa forma, são necessários 27 bilhões de reais, a serem retirados dos mais ricos, em torno de 141 mil pessoas, que passariam, doravante, a pagar 10% sobre seus lucros e dividendos.
Ora, ora, ora. Todos os deputados e senadores – sim, todos – ganham acima de 600.000,00 no ano e, grosso modo, representam grupos econômicos fortes que, por suas empresas, distribuem lucros e dividendos aos seus sócios, hoje isentos de tributação.
A pergunta é: nossos deputados e senadores, que estão dentre essas 141 mil pessoas, têm sensibilidade social, coragem, moral e republicanismo para aprovar o projeto de lei, sabendo que são, por ele, diretamente afetados?
Não. Trata-se de um dos piores congressos da nossa história. A grande maioria é do centrão, pendidos para a direita mais escrota. O que lhes interessa é benefício próprio, emendas parlamentares, exclusão social, pauta moralista, lacração. O pobre que exploda!
@professochicoleite
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PARA MULHERES VÍTIMAS - 21/03/2025