Gavetas, portas, janelas – estou nelas;

Outro dia abri a  gaveta dos tempos passados,
e me deparei com fotos que o tempo guardou.
Um misto de alegria e saudade,
como se as memórias dançassem diante de mim. Ou me convidassem para dançar com elas.

Em um instante, as emoções que eu vivi, tomaram conta de mim,
mas logo abri outra janela, respirando fundo.
As lembranças trazem promessas de um amor eterno,
mas esquecemos de avisar o tempo, tão apressado que vai na frente de nós.

Desavisado, o tempo levou tantas coisas embora,
mas teve a gentileza de guardar esta caixa de joias raras, antigas,
que abriga fragmentos de um passado adorado.
Por um lapso do destino, as memórias permaneceram. Estou viva.

Sim,  deixamos marcas para recordar,
que o tempo não consegue apagar
coisas do  amor, que por um momento longo ou espesso, brilhou. Brilhamos.
Como se quisesse provar que eternidade existe. Será?

As fotos emolduradas falam em silêncio, sussurram brincadeiras,
as risadas compartilhadas e sonhos desenhados.
Cada foto é um eco do que fomos juntos,
um retrato da felicidade que vivemos naqueles dias de verão.

Nossas caras sorridentes refletem a inocência do passado,
as promessas feitas sob a luz do sol mais quente.
E mesmo que o tempo tenha levado outras coisas,
nossos momentos, nossos momentos, permanecem vivos em mim.

Ah, como é doce la vida!
Reviver instantes duradouros em cores vibrantes;
nesta caixa de retratos antigos e amarelados,
guardo não só as imagens, mas pedaços de nós.

Ao olhar para essas fotos tão queridas,
sinto que o amor ainda vive em nós.
Pois mesmo com o passar dos anos e das tempestades,
a pureza do que fomos, nunca se apagará.

Gavetas, portas e janelas onde guardamos essas imagens; essas cerimônias
e tudo é um tesouro repleto de sentimentos.
Eu estou aqui, eu, emocionada e grata
por cada coisa que tempo não levou.

(Eu sou Antônia)

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