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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Tem gente que vem sem avisar

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publicado em 12/04/2025 ás 07h00
atualizado em 12/04/2025 ás 09h05

(Recife) Não há outra pessoa que eu procuro em Recife, senão Dora, a rainha do frevo do gozo e do maracatu, a imaginária Dora de Caymmi. Puxa vida! Nunca mais tive notícia do professor Jomard Muniz de Britto.

Mundo desigual. Às vezes piso no inferno procurando Dora, até na baixa do sapateiro. Eu mesmo nunca aviso a Dora que vou chegar, mas não faço isso na casa de ninguém.

Como é belo e triste o Recife. Parei o carro e achei que tinha visto Moisés com a vara de Deus atravessada. Não era. Era a moça da Boa Viagem da canção de Alceu Valença.

´Eu lembro da moça bonita
Da praia de Boa Viagem
A moçA no meio da tarde
De um domingo azul
Azul, era Belle de Jour´

Não há outra coisa que eu ame mais – à minha própria casa, a rede armada no quarto, onde nunca sou um hóspede. Outro dia estive  no excesso de tiros do filme Scarface (A Força do Poder) drama policial de 1983, dirigido por Brian De Palma e escrito por Oliver Stone. Revi como quem serve a loucura de Tony Montana, o (Al Pacino) tão belo, tão jovem.

Às vezes zangado, azougado como dizia Galvão, quis ser como deus, um ser maior sem medida. Na minha cabeça, a geografia, a mobília, os cadeados, as taças vazias na cristaleira e os livros, meus amigos  eternos. E Dora?

Jomard não lembra mais de ninguém. Deve ser melhor assim.

Tão bonito o Recife sem carnaval, as ruas antigas, as ruas dos poemas do Bandeira.

´A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras
mexericos namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!´

Eu era rapaz,  agora recordo quando botei meus pés pela primeira vez no Recife, 1979.

Eu venho do martírio e do clarão  de uma santa, a padroeira do Recife, Nossa Senhora do Carmo à demonstração de amor materno.

Mais uma vez não encontrei DorA, nem
ocasionalmente, como uma visita que surpreende
a própria casa onde mora. Lá vai o velho Kubitschek!

Kapetadas

1 – Quem ri por último, achou a piada pesada e esperou todo mundo rir primeiro pra não se comprometer.

2 – A gente tem que começar a diferenciar gente burra de gente mal intencionads

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