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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Viana deu-me o tema

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publicado em 13/04/2025 ás 07h00
atualizado em 11/04/2025 ás 07h56

 

Eu admiro o professor Chico Viana e sua energia intangível, ele impregnado dela, da palavra, joga com vocábulos na certeza que pode ser doloroso,  uma fonte, minha fonte e peço um copo d’água. Chico é imenso e faz alertas que ninguém dúvida e ficam todos agarrados ao passado. Mas por que digo isso? Sei lá. Ele é o tema de hoje.

Uma frase de CV, “o pior da velhice não é sofrer a amnésia pessoal. É ser objeto da amnésia dos outros” – isso dele dizer amnésia dos outros, não é novidade, é o prato do dia, da agonia, do aperreio sem soluções de cenas perturbáveis. A novidade é a guerra.

Nesse registro cruel, o escritor Viana mostra a amnésia fotográfica, exatamente como ela é, o retrato na parede, quando sua frase é a imagem, dentro do reflexo do espelho quebrado, apresentando sacadas, socadas, escadas, um outdoor e muitas ilusões.

De tanto estarmos juntos nesse inferno dos outros e somos nós por exemplo de outro lugar, lugar-comum, lugar nenhum, uns assolando pelo retrovisor e quase todos socando na sola do sapato chique ou pé no chão, o velho pé de chinelo.

Chico bota  nossa  cara na avenida antes do carnaval ou da morte ser anunciada, porque é assim que começa. Sequer alvissaras, as vísceras e conexões expostas, seres ou não seres; envergonhado fico eu, menino, jamais bastardo, dos objetos da amnésia dos outros, ainda expostas nas cabeças cortadas de Lampião e Maria Bonita. Gente é como chita, né Chico?

Amnésia de muitos, cabeças de papel, que podem ser filhos, irmãos, parentes, patentes infiltrados num grau de nunca ter chegado perto da família. Te dana.

 Após a leitura da post de Viana, boa tese, senti firmeza e vi o córrego dos amnésicos a céu aberto, impurezas de quem só quer venha nós, nunca vosso reino e não estamos em nenhum Armorial, porque Ariano voltou ao pó faz tempo.

Esse toque do registro de CV é cena corriqueira, pois, não existe mais  ´o daqui não saio, daqui ninguém me tira´. Se existir, é mentira. Lacrou, meu!  Vamos pensar que sua assertiva, lembra o cinema ´otimista´ de Tarantino com a navalha na carne de Plínio Marcos, 1968. Não sei, talvez o meu espanto, meu exagero, nossa cegueira, na agonia do goleiro na hora do gol, ou seja, a miséria dos outros sobre a amnesia global. É a mesma coisa?

Por favor Seu Amnésico, tire as mãos de mim, daqueles que sofrem de amnésia, com dificuldades de recordar novas memórias. Tire as mãos de mim e chama Sinhá para rezar nos neurônios, irônicos, hecatombes.

Nem é caso de polícia nem sair por aí dizendo que já viu de tudo, que não viu mesmo, porque o filme é outro e não passa nas plataformas infernais de streaming, algo como a invisibilidade, insensibilidade patológica, de quem vive esse período de rolar cabeças, do crescimento dessa coisa ruim, com novos moradores chegando à legião dos  amnésicos, atraídos pelos loteamentos nas proximidades  cerebrais e  argumentos sem fundamento.

 Chico Viana é o Tao da linguagem, transformador de cidadanias com as palavras,  como fez o Paulo, o Freire, ensinando aos pedreiros com pá, enxada e o tijolo. Eu nunca viajei na maionese. Nem Chico.

Kapétadas 

1 – Juscelino Kubitschek fundou Brasília, Juscelino Filho afundou.

2 – Sai Ainda Estou Aqui; entra Adolescência.

 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB